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Uma amea�a � liberdade
Sith Razumikhine
gif.gif (49 bytes)A discuss�o do Estado, de suas origens e atribui��es, sempre fez parte das inquieta��es de pensadores e cientistas sociais. A Hist�ria admite o surgimento do Estado a partir da quest�o agr�ria, ap�s o homem ter dominado conhecimentos e assimilado valores como sepultamento, fam�lia, g�nese e heran�a; institui��es do Neol�tico. � luz do pensamento primitivo, a fam�lia mais pr�spera - leia-se: que devido � m�ritos , heran�as e fertilidade acabou por possuir mais terras - seria a mais apta a gerir a vida da coletividade e a estender sua fartura �s outras fam�lias. Esta seria uma vers�o primitiva de fam�lia real, escolhida pelo Criador para guiar a todos e que em pouco tempo teria institu�do o Despotismo, Estado caracter�stico da Antig�idade.
gif.gif (49 bytes)Como conseq��ncia do Despotismo, de sua ant�tese grega e do inevit�vel v�nculo do Estado com a economia, suas atribui��es come�aram a ser questionadas. Tais questionamentos convergiram para o s�culo XX, no qual tanto a Democracia quanto o Despotismo tiveram espa�o. O mesmo mundo que havia sido governado pelo modelo totalit�rio viu-se influenciado pelo Welfare State brit�nico, o chamado Estado do Bem-estar Social.
gif.gif (49 bytes)As experi�ncias brasileiras com a Democracia ainda s�o poucas e question�veis. Durante os per�odos desp�ticos deste s�culo, o Estado recebeu varias atribui��es populares, ao passo que o Estado democr�tico afirmava ser �caso de pol�cia� a quest�o social brasileira. A Democracia executada no Brasil ap�s a abertura do Regime de 64 negligencia mais do que nunca as suas atribui��es sociais, fazendo com que os �ndices de popularidade do governo caiam dia ap�s dia. Como conseq��ncia, duas atitudes v�m sendo defendidas:
A primeira � mais caracter�stica dos grandes bols�es de pobreza, especialmente das favelas. � uma forma de autogest�o na qual o pr�prio povo, representado pelos traficantes e l�deres do crime organizado, se encarrega de promover as melhorias de infra-estrutura que caberiam ao Estado democr�tico. As favelas caminham para um modelo an�rquico de sociedade, em que o pa�s teria sua unidade quebrada e se organizaria em n�cleos semelhantes a cidades-estado. A mesma atitude � tomada por algumas vizinhan�as suburbanas.
J� a segunda predomina entre a classe m�dia e a pequena burguesia, contando tamb�m com o apoio da Igreja Romana e defendendo uma maior centraliza��o do poder. Acreditam que um Estado forte possa acabar com a corrup��o, como se tamanho absurdo procedesse. Tais setores da sociedade tendem a apoiar um regime ditatorial e desp�tico, onde a pr�pria orienta��o direita-esquerda come�a a ser secund�ria.
Alguns jornalistas e pensadores j� consideram a corrup��o como inerente ao pr�prio Brasil, demonstrando total descr�dito pela Democracia. Entretanto, n�o poderia ser de outro modo, j� que sua volta com elei��es diretas trouxe logo em seu primeiro governo um esc�ndalo de corrup��o de propor��es internacionais.
A mais recente tentativa de auto-propaganda por parte do Estado Brasileiro, nas festividades dos 500 Anos, foi um fracasso inesperado. Para muitos, a afirma��o de que a ditadura bate � porta pode parecer um clich�, mas vale a pena lembrar que a mesma Historiografia que escreveu as origens do Estado como se conhece hoje admite que o tempo n�o � linear, mas espiral e c�clico. Hitler, cerca de tr�s anos antes de assumir o poder na Alemanha, era menos popular do que o candidato En�as Carneiro na �ltima elei��o para presidente. Os Integralistas, esquecidos, continuam a propagar as id�ias de Pl�nio Salgado e a inspirar atitudes extremas pelo pa�s.
Como se n�o bastasse, o n�mero de jovens de baixa renda interessados no alistamento militar ou na pr�pria carreira aumenta, munindo as For�as Armadas de bra�o forte para uma nova intentona. A Democracia est� amea�ada, e cabe a todos os que a ap�iam ou admiram sua tese propor meios para erradicar a corrup��o no Brasil e restaurar o cr�dito que o regime democr�tico vem perdendo nos �ltimos dez anos.