A
discuss�o do Estado, de suas origens e atribui��es, sempre fez
parte das inquieta��es de pensadores e cientistas sociais. A Hist�ria
admite o surgimento do Estado a partir da quest�o agr�ria, ap�s o
homem ter dominado conhecimentos e assimilado valores como
sepultamento, fam�lia, g�nese e heran�a; institui��es do Neol�tico.
� luz do pensamento primitivo, a fam�lia mais pr�spera - leia-se: que devido � m�ritos , heran�as e fertilidade acabou por
possuir mais terras - seria a mais apta a gerir a vida da
coletividade e a estender sua fartura �s outras fam�lias. Esta
seria uma vers�o primitiva de fam�lia real, escolhida pelo Criador
para guiar a todos e que em pouco tempo teria institu�do o
Despotismo, Estado caracter�stico da Antig�idade.
Como
conseq��ncia do Despotismo, de sua ant�tese grega e do inevit�vel
v�nculo do Estado com a economia, suas atribui��es come�aram a
ser questionadas. Tais questionamentos convergiram para o s�culo
XX, no qual tanto a Democracia quanto o Despotismo tiveram espa�o.
O mesmo mundo que havia sido governado pelo modelo totalit�rio
viu-se influenciado pelo Welfare State brit�nico, o chamado Estado
do Bem-estar Social.
As
experi�ncias brasileiras com a Democracia ainda s�o poucas e
question�veis. Durante os per�odos desp�ticos deste s�culo, o
Estado recebeu varias atribui��es populares, ao passo que o Estado
democr�tico afirmava ser �caso de pol�cia� a quest�o social
brasileira. A Democracia executada no Brasil ap�s a abertura do
Regime de 64 negligencia mais do que nunca as suas atribui��es
sociais, fazendo com que os �ndices de popularidade do governo
caiam dia ap�s dia. Como conseq��ncia, duas atitudes v�m sendo
defendidas:
A
primeira � mais caracter�stica dos grandes bols�es de pobreza,
especialmente das favelas. � uma forma de autogest�o na qual o pr�prio
povo, representado pelos traficantes e l�deres do crime organizado,
se encarrega de promover as melhorias de infra-estrutura que
caberiam ao Estado democr�tico. As favelas caminham para um modelo
an�rquico de sociedade, em que o pa�s teria sua unidade quebrada e
se organizaria em n�cleos semelhantes a cidades-estado. A mesma
atitude � tomada por algumas vizinhan�as suburbanas.
J�
a segunda predomina entre a classe m�dia e a pequena burguesia,
contando tamb�m com o apoio da Igreja Romana e defendendo uma maior
centraliza��o do poder. Acreditam que um Estado forte possa acabar
com a corrup��o, como se tamanho absurdo procedesse. Tais setores
da sociedade tendem a apoiar um regime ditatorial e desp�tico, onde
a pr�pria orienta��o direita-esquerda come�a a ser secund�ria.
Alguns
jornalistas e pensadores j� consideram a corrup��o como inerente
ao pr�prio Brasil, demonstrando total descr�dito pela Democracia.
Entretanto, n�o poderia ser de outro modo, j� que sua volta com
elei��es diretas trouxe logo em seu primeiro governo um esc�ndalo
de corrup��o de propor��es internacionais.
A
mais recente tentativa de auto-propaganda por parte do Estado
Brasileiro, nas festividades dos 500 Anos, foi um fracasso
inesperado. Para muitos, a afirma��o de que a ditadura bate �
porta pode parecer um clich�, mas vale a pena lembrar que a mesma
Historiografia que escreveu as origens do Estado como se conhece
hoje admite que o tempo n�o � linear, mas espiral e c�clico.
Hitler, cerca de tr�s anos antes de assumir o poder na Alemanha,
era menos popular do que o candidato En�as Carneiro na �ltima elei��o
para presidente. Os Integralistas, esquecidos, continuam a propagar
as id�ias de Pl�nio Salgado e a inspirar atitudes extremas pelo pa�s.
Como
se n�o bastasse, o n�mero de jovens de baixa renda interessados no
alistamento militar ou na pr�pria carreira aumenta, munindo as For�as
Armadas de bra�o forte para uma nova intentona. A Democracia est�
amea�ada, e cabe a todos os que a ap�iam ou admiram sua tese propor
meios para erradicar a corrup��o no Brasil e restaurar o cr�dito
que o regime democr�tico vem perdendo nos �ltimos dez anos.