A
ess�ncia da corrup��o � uma progressiva desintegra��o de um ser, mediante
a a��o de causas internas e externas que conduzem � destrui��o total deste
ser. A defini��o nominal mostra que o termo vem do latim corruptio
que significa decomposi��o, putrefa��o. Trata-se na natureza de um
processo moroso que, inicialmente, n�o � percept�vel, �, por�m, um micr�bio
dealta periculosidade, tendo um
dinamismo impressionante e alta capacidade de prolifera��o. Uma vez instalado
depara no pr�prio ser possibilidades que favorecem sua atividade destruidora.
Segundo Arist�teles, o maior dos fil�sofos gregos, "a corrup��o � uma
mudan�a que vai de algo ao n�o ser desse algo, e � absoluta
quando vai da subst�ncia ao n�o ser da subst�ncia, espec�fica quando vai na dire��o da especifica��o
oposta"
Por
analogia se podefalar de corrup��o
�tica. Neste caso uma consci�ncia corrupta caracteriza um indiv�duo que
menoscaba todas as leis e instaura seu modo de viver como a norma de conduta.
Torna-se deste modo um elemento pernicioso dentro do corpo social, pois
instaura um movimento de decomposi��o. Entretanto, ningu�m se torna
moralmente corrupto de um dia para outro. Leibniz, not�vel fil�sofo alem�o,
j� dizia: natura non facitsaltus - n�o
h� movimentos bruscos na natureza, dado que ela n�o d� saltos. Ningu�m
nasce terrorista, mas, sem uma filosofia de vida, sem uma reta cosmovis�o,
sem uma mundivid�ncia luminosa, aos poucos, eclode tal criminoso. A
insensibilidade pode ser de tal modo desnaturada que aquele ser racional passe
a agir irracionalmente, seduzido pela riqueza ou para satisfazer frustra��es
profundas. Qualquer pessoa pode se tornar maquiav�lica, ou seja, um ep�gono
do fil�sofo florentino Maquiavel, segundo o qual o fim justifica os meios. O
corrupto n�o tem freios morais nem um m�nimo de respeito pelos direitos
alheios. Sua lei vem a ser os seus desejos insaci�veis.
Dentre
as corrup��es estudadas pela filosofia moral uma das mais perniciosas � a
corrup��o administrativa. Esta se pode definir como o aproveitamento sistem�tico
de um cargo p�blico para atender unicamente a interesses pessoais,
normalmente de cunho pecuni�rio. Nela est� inclu�do o suborno que � o
aliciamento de uma autoridade constitu�da, levando-a para atos culp�veis. No
fundo, o m�vel � sempre o enriquecimento il�cito e j� dizia
filosoficamente Balzac o not�vel novelista franc�s que "a corrup��o
vem com a riqueza". A avareza �, realmente, corruptora da fidelidade, da
honradez e de todas as demais virtudes, como j� haviam notado os latinos. At�
as almas mais puras podem se deixar levar pela corrup��o, mas diz o axioma
que corruptio optimi pessima - a
corrup��o do melhor � a pior das corrup��es.
Todas
estas considera��es v�m � baila no momento em que o Mandat�rio Supremo do
Pa�s denunciou oficialmente que a corrup��o est� "cada vez mais
ousada" em plagas bras�licas. O Presidente at� lan�ou um pacote contra
os desvios do dinheiro da coletividade, tentando acalmar a indigna��o do
povo, repulsa popular justific�vel, tanto mais que aqueles que se apossaram
de quantias astron�micas no epis�dio lamentabil�ssimo do TRT de S�o Paulo
est�o impunes, bem como os implicados no caso dos bancos Marka e FonteCindam
e em outras falcatruas de conhecimento nacional.
Raz�o
tem a not�vel jornalista Eliane Catanhede ao afirmar que, no seu discurso,
"FHC falou em "cadeia de responsabilidade", mas h� quem
prefira mesmo� cadeia para os
irrespons�veis que roubam o dinheiro p�blico". Mais do que nunca ecoe
por toda parte deste imenso territ�rio brasileiro este veemente clamor:
"Abaixo a corrup��o"!