Como
ensinam os soci�logos a massa � diferente do grupo, o qual mostra uma certa
estabilidade de estrutura e organiza��o. As massas s�o facilmente manipuladas
e conduzidas. Assimilam com facilidade id�ias sem o aparato cr�tico. Eis
por que s�o com certa facilidade induzidas a explos�es irracionais e a ades�es
esp�rias. Muitos s�o aqueles que sabem provocar a emocionalidade e hoje, mais
do que nunca, com as t�cnicas de propagandas subliminares instigam, incitam,
sugerem, persuadem. Na massa a atra��o entre os indiv�duos � m�nima, mas a
press�o exterior sobre eles � total. Da� vem o fasc�nio poderoso que o
partido pol�tico exerce, mantendo unidos aficionados que nem sempre se
conhecem. O que interessa � a vit�ria daquela fac��o � qual se filiou por
motivos que prov�m tamb�m da indu��o externa com suas m�ltiplas facetas. D�-se
a cristaliza��o de v�rios fen�menos conjuntos que atuam sob o psiquismo
levando at� ao fanatismo. Se o partido possui um l�der carism�tico este
consegue ent�o arrastar as multid�es. Tudo isto � o resultado do baixo n�vel
de integra��o da consci�ncia e a incapacidade de atinar com um
verdadeiro projeto social de longo alcance.
Sobretudo em per�odo eleitorais as promessas se multiplicam exatamente para
atrair a massa, ou seja, como as necessidades s�o vari�veis, o conjunto
das pessoas fica cativo de todo o projeto daquele candidato de "seu"
partido, mesmo que n�o haja consist�ncia l�gica naquele planejamento. A� est�
o motivo pelo qual tais prop�sitos nunca s�o cumpridos. Ali�s j�
se decantou em prosa e verso que, sobretudo no Brasil, pouco se diferenciam as
associa��es partid�rias quer na sua ideologia, quer nos seus m�todos.
Na Hist�ria do Brasil se multiplicam os fatos que mostram o povo como massa
de manobra. Cl�ssico � o exemplo do significado pol�tico da abdica��o de
Dom Pedro I. Esta foi a derrota fragorosa dos grupos absolutistas do Partido
Portugu�s e o triunfo daqueles que intentavam consolidar o Estado brasileiro.
Com rara arg�cia a elite colonial manipulou as classes populares dirigindo-as
contra o Imperador. O povo saiu �s ruas clamando pela sa�da do Pr�ncipe. T�o
logo este se mandou para Portugal a aristocracia agr�ria alijou o povo do
poder. Honra e gl�ria ao liberal mineiro Te�filo Ottoni que denominou o dia
7 de abril como la journ�e des dupes - o dia dos ing�nuos, como se l� e,
Vieira Fazenda, nas Antiqualhas e Mem�rias do Rio de Janeiro ( Vol III,
p.328). Assim tamb�m a jornada liberal que levou � proclama��o
da maioridade de Pedro II por meio de uma revolu��o parlamentar. O dia
23 de julho de 1840, a exemplo do 7 de abril de 1831, foi tamb�m um dia dos
logros.
Rui Barbosa repetiu esta express�o francesa talvez pela �ltima vez
durante o regime mon�rquico brasileiro no artigo do Di�rio de Not�cias , de
21 de junho de 1889. no qual escreveu: "Ainda mal para esse partido, por�m,
se continua a se escravelhar deste modo na liquida��o da monarquia. N�o se
quer curar da ingenuidade de 1840. Duas gera��es depois dessa decep��o amar�ssima,
ainda s�o os mesmo homens, que fizeram a revolu��o �ulica da maioridade, e
cada uma de suas ascens�es ao poder tem sido uma journ�e des dupes".
Na hist�ria republicana quantas vezes o povo tem sido massa de manobra!
Agora, conforme publicou a grande imprensa dia 1� de novembro, o Supremo
Mandat�rio do Pais, depois de chamar os aposentados de
"vagabundos" e os brasileiros de "botocutos" quer
"cheiro de povo" (sic). � que se aproximam as elei��es de 2002 e
h� uma esperan�a, vaga esperan�a, de uma nova reelei��o via
parlamentarismo ou, na pior das hip�teses, de se fazer um sucessor, neste
caso, � preciso estar pr�ximo do povo! Acontece que este povo, pelo que
mostrou nas �ltimas elei��es municipais, resolveu dar um basta a tanta
demagogia!