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Um triste legado
C�nego Jos� Geraldo Vidigal de Carvalho
gif.gif (49 bytes)Quando se vai � origem do voc�bulo imposto se percebe que  a palavra foi bem cunhada pois traz a id�ia de jugo: imponere significa colocar sobre. Carrega a id�ia de algo for�ado. � um tributo exigido, independentemente da presta��o de servi�os espec�ficos ao contribuinte, por parte dos governantes. Trata-se da transfer�ncia compuls�ria de dinheiro ao governo por parte de indiv�duos ou institui��es, sendo que, no passado, tamb�m se davam mercadorias e  se prestavam  servi�os no lugar da moeda circulante. O que muitas vezes n�o se acentua � que a forma mais primitiva de imposto foi a de contribui��es pagas  pelos vencidos aos vencedores.
gif.gif (49 bytes) A coer��o, ou seja, a for�a que emana da soberania do Estado sempre fez do imposto um pagamento mal conceituado; mal-afamado, suspeito, trasvisto, antipatizado, malquisto. N�o s� porque o contribuinte n�o pode se furtar ao mesmo, como, sobretudo, porque nem sempre as polpudas quantias arrecadadas  retornam em benef�cios para as necessidades b�sicas da popula��o. Al�m do custeio das despesas governamentais, o imposto deveria, continuamente, produzir efeitos ben�ficos na �rea social e estabelecer uma redistribui��o harmoniosa da riqueza. O que se passa, entretanto, � que os ricos s�o os que mais burlam o fisco ou s�o os  grandes beneficiados pelo Governo e a popula��o jaz carente de assist�ncia sanit�ria, educacional e tudo mais. Dizia Inge: �A corrup��o das democracias procede imediatamente do fato de uma classe social fixar os impostos e a outra pagar. Deste modo, o princ�pio constitucional de que todo imposto, para ser estabelecido,  precisa ter  uma  representa��o de todos, fica totalmente reduzido a nada�. A grande quest�o � que  as elei��es dependem  do poder econ�mico e h� interesses atrelados que acabam prejudicando o povo.
gif.gif (49 bytes) A malversa��o do dinheiro p�blico j� foi cantada em prosa e verso e o desvio de verbas vultosas resulta, como acontece no Brasil, em estradas cada vez piores, cidades sem infraestrutura e a mis�ria grassando por toda parte. Se n�o fosse coativo, dificilmente o cidad�o pagaria espontaneamente impostos. � claro que � uma obriga��o �tica n�o burlar o fisco, mas o governo que mobiliza todos os meios para evitar a sonega��o � complacente, tantas vezes, com a corrup��o, o que implicitamente favorece as fraudes no pagamento dos impostos, sendo isto outro fator a aumentar a desconfian�a do cidad�o. O corrompimento � sinal claro de aus�ncia de integridade moral e deve ser objeto de veemente repulsa. Um dos mais horr�pilos legados do atual Governo a penalizar os trabalhadores brasileiros � a carga tribut�ria. Campeon�ssimo em impostos, nos �ltimos anos satisfeito est� o Le�o, pois seu apetite voraz tem sido generosamente satisfeito. Como denunciou com pertin�ncia o jornal Estado de Minas �a maior v�tima da voracidade da Receita Federal � o cidad�o comum�. O atual Mandat�rio do pa�s � um mestre em arrecadar, mas na hora do retorno para a popula��o, enorme o seu descaso para com  os problemas sociais.  O poder aquisitivo do brasileiro � cada vez menor, mas o Governo blasona uma infla��o baixa. Conforme � publico e not�rio, �durante o Plano Real, que foi lan�ado em 1994, o crescimento da tributa��o sobre a renda do trabalhador foi de 200% o que representa duas vezes a infla��o�.  Adam Smith, c�lebre economista escoc�s, ensinou que �toda contribui��o deve ser estabelecida de maneira a retirar dos bolsos do povo o m�nimo poss�vel acima daquilo que entra no Tesouro do Estado�. Sismondi, not�vel economista su��o, acrescentou que o imposto n�o deve nunca atingir a parte da renda necess�ria � vida do contribuinte. Rui Barbosa por sua vez declarou: �� de sua ess�ncia, o importo sobre a renda, o mais intrusivo dos impostos, o mais inquisit�rio, o mais ocasionado a conflitos entre autoridade e os contribuintes. Devassando as fortunas, devassa a vida individual no recato (A Imprensa, III, 30) O professor-soci�logo deveria ler a obra dos cl�ssicos, mormente, �A Riqueza das Na��es�, pois �o brasileiro nunca pagou tanto imposto como agora�! � poss�vel que ele tenha lido o que escreveu William H. Borah: �O mais maravilhoso da hist�ria  � a paci�ncia com que homens e mulheres se submetem �s cargas desnecess�rias com o que os governos os esmagam�. Paci�ncia, por�m, tem limite e, em 2002, o povo saber� responder nas urnas!