O
epis�dio grotesco proporcionado pelo Senado Federal, �nico nos anais do
parlamento brasileiro, deve for�osamente servir de muitas li��es para a
popula��o deste pa�s, inclusive, � claro para os pol�ticos. Em primeiro
lugar, o problema s�rio da mentira. Os jornais fizeram um bem imenso ao colocar
em colunas o que o mesmo personagem disse antes e depois, numa calamitosa incoer�ncia.
Uma coisa � a restri��o mental que � v�lida, ou seja, uma resposta evasiva
a uma pergunta impertinente, ou uma afirmativa vaga que n�o induz a nenhum
preju�zo a outrem, outra coisa � agredir violentamente a veracidade. Rui
Barbosa explica bem o caso: �A necessidade profissional pode autorizar o
patrono de uma causa a n�o expender a verdade toda: o que se lhe n�o permite
� afirmar o contr�rio da verdade�. O ilustre jurista dizia ent�o que
�a boca da mentira p�blica � uma sentina�, acrescentando que �os l�bios
que mentem matam a consci�ncia�. Agostinho de Hipona foi taxativo: �Negar a
verdade � um adult�rio do cora��o�. Interessante � o que a Comiss�o de
Liberdade de Imprensa da Universidade de Chicago decretou: �Do ponto de vista
moral, pelo menos, a liberdade de express�o n�o inclui o direito de mentir
deliberada e sistematicamente�. � isto que alguns pol�ticos n�o
compreendem. Muito bem se expressou Jovellanos: �Se alguma coisa sobre a terra
merece o nome de felicidade � aquela �ntima satisfa��o, aquele �ntimo
sentimento moral resultante do emprego de nossas faculdades na indaga��o da
verdade�. Proclamou Romain Rolland: �Justi�a e verdade s�o os primeiros
deveres do homem�. Tommaseo num momento de pulcra inspira��o asseverou: �A
verdade � como a luz: una e v�ria; e como a natureza: una e fecunda; e como
Deus: una e imensa�.
Al�m disto, � preciso mudar. Ap�s o mea culpa do Senador Arruda, este
recebeu o elogio do Mandat�rio Supremo da Na��o. O Governador de Minas
Gerais foi duro ao comentar a declara��o do presidente, em socorro ao
seu ex-l�der no Senado: �Soa-me estranho e incompreens�vel considerar
o discurso corajoso e digno, buscando-se mascarar um ato ign�bil�. Tem
fundamento esta cr�tica do atual governante mineiro, porque j� dizia
Jean Baptiste Massilon: �Toda transa��o entre a mentira e a verdade �
sempre feita em detrimento da verdade�. O culto da verdade deve imperar sempre
e tinha raz�o Madame de Sevign� ao declarar que �em todos os g�neros a
verdade �, ao mesmo tempo, o que h� de mais sublime, de mais simples, de mais
dif�cil e, entretanto, de mais natural�.
Cultivar o senso do verdadeiro � aprimorar o g�nero humano. Em todos os
partidos h� bons e maus pol�ticos. H� aqueles que, inclusive, discordam dos
rumos que seus atuais l�deres d�o ao Brasil. A quest�o, portanto, � saber
fazer a triagem independentemente das fac��es, mas se refazendo, isto sim, a
an�lise de perspectivas mais fagueiras para o pa�s. � necess�rio cobrar
isto de alguns homens p�blicos, embora, felizmente, a maioria ostente a
nobreza de car�ter.
Outra
verdade que precisa n�o seja camuflada � a imperiosa necessidade de se
acabar uma vez por todas com a corrup��o. Assusta, realmente, o montante do
dinheiro p�blico que tem sido desviado: bilh�es de d�lares! Este mal n�o
se combate com frases de efeito, mas com uma atua��o decidida, franca. Opera��o
abafa tem que ser definitivamente afastada, pois os males que traz � muito
maior do que qualquer a��o seja de que CPI for!