A
na��o ficou estarrecida diante das manobras pol�ticas para impedir a CPI da
Corrup��o. Aspectos essenciais da quest�o correm o risco de ficarem
obnubilidados diante da celeuma causada em torno do problema. O fisiologismo
governamental � �bvio. Este �ngulo foi bem captado por jornalistas
clarividentes: �Ao aceitar o jogo de negocia��es, o governo acabou envolto
num balc�o de neg�cios. Deputados pediram anistia na Receita Federal, concess�es
de r�dio e televis�o, cargos p�blicos e libera��o de emendas. Houve den�ncias
de que deputados federais e senadores receberam amea�as e promessas de
vantagens para retirar as assinaturas�. Filipe da Maced�nia, pai de Alexandre
Magno j� dizia que �n�o h� fortaleza que resista a um muar carregado de
ouro�. Certo deputado federal foi logo dizendo que recuaria no seu voto a
favor da limpeza �tica do pa�s: �porque o governo estava liberando verbas
para 80 munic�pios de sua regi�o� (sic). Inacredit�vel, se n�o estivesse
relatado este lament�vel pronunciamento na primeira p�gina de um dos grandes e
insuspeitos jornais desta sofrida na��o.
O dinheiro fala mais alto que os interesses nacionais que clamam para que se d�
um basta � corrup��o! � um absurdo! Em que planeta estamos? E pensar que a
tropa de choque do Rei foi colocada em a��o promovendo outras barganhas! O que
se esquece hoje na Terra de Santa Cruz � que os valores morais v�o sendo
massacrados. A juventude brasileira est� sendo contaminada por atitudes
deprimentes. Ap�s assistir no Senado Federal um campeonato de mentiras, o espet�culo
constrangedor de alguns homens p�blicos que t�m medo da Verdade! Tudo isto
significa que as elei��es de 2002 j� est�o com cartas marcadas, pois as
verbas v�o rolar, os conchavos ser�o feitos de acordo com os interesses partid�rios
e, mais do que isto, segundo o favorecimento pessoal daqueles que se submetem ao
poder do vil metal. N�o h�, de fato, um planejamento global para o pa�s. As
verbas s�o distribu�das segundo o crit�rio das conveni�ncias moment�neas!
O referencial � a manuten��o do status quo. Certo Senador asseverou que ele
estava sendo marginalizado porque n�o era rico, n�o era empres�rio e,
portanto, n�o tinha influ�ncia! Montaigne j� avisara: �La raison de
plus fort est toujours la meilleure� - a raz�o do mais forte � sempre
a melhor. Entretanto, cumpre n�o ensarilhar as armas. O Brasil conta com
cientistas sociais do mais alto gabarito que n�o se deixam corromper nem t�m
receio de lutar a favor do povo, desmascarando as ins�dias dos donos do
poder. H� pol�ticos probos que n�o se deixam macular perante as propostas
mais indignas. A popula��o, um dia, deixar� de ser massa de manobra da
elite dominante, porque aos poucos os meios de comunica��o social v�o
formando um senso cr�tico que ser� um ar�ete que conseguir�, mais hora,
menos hora, arrombar as fortalezas dos poderosos.
Resta
tamb�m a esperan�a de que aqueles parlamentares que se deixaram
instrumentalizar n�o recebam mais o sufr�gio de seus eleitores. As listas
com os nomes de todos aqueles que traem os interesses maiores dos
marginalizados, dos que est�o jogados no pauperismo, devem mesmo ser
publicadas para que se conhe�am os verdadeiros patriotas. Cumpre a revolu��o
pelo voto consciente, para que uma nova ordem s�cio-econ�mica seja
instaurada neste Brasil que est� ref�m daqueles que s� cuidam de seus
interesses menores.
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Professor do Instituto de Filosofia do Semin�rio de Mariana