Um
not�vel professor na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) se
queixava, h� dias, do impacto negativo exercido por determinado setor da m�dia,
muitas vezes, distorcendo fatos e formando equivocadamente a opini�o p�blica.
De fato, o que ocorre � que o sensacionalismo, neste caso, passa a imperar e a
necessidade de se criar manchetes chamativas marginaliza a �tica, atropelando a
verdade dos acontecimentos. Nem sempre, se separam fato e opini�o e as
reportagens s�o de tal forma induzidas que o pr�prio entrevistado acaba sendo
manipulado.
N�o s� no Brasil, mas mundo todo, textos hist�ricos, nada hist�ricos, sem
fundamento t�m fulminado a exist�ncia de pessoas inocentes ou marcado,
definitivamente, o ocaso de trajet�rias promissoras. Um auto-exame por parte
dos que lidam com a not�cia � o recurso b�sico para um n�vel mais aprimorado
no que tange ao padr�o moral do que se divulga. Embora tenha se tornado uma
senten�a ou prov�rbio muito batido pelo uso, n�o h� d�vida a veracidade
deste dito: �imprensa livre e cidad�os livres s�o sin�nimos�.
Liberdade, por�m, requer uma grande dose de responsabilidade. Napole�o
Bonaparte, por sinal expert neste conden�vel expediente, dizia: �Uma
mentira muitas vezes repetida, se torna verdade�. De fato, as id�ias v�o
se fixando e o grande p�blico acaba por assimilar o que vai sendo
transmitido. Mudam-se as frases, mas a mensagem vai sendo fixada no
subconsciente dos leitores. O que ocorre com a t�cnica da propaganda, hoje em
dia, agindo at� subliminarmente, se repete com os profissionais da Imprensa.
A� est� a raz�o pela qual reina no esp�rito do brasileiro uma incerteza
profunda no que tange aos candidatos �s pr�ximas elei��es. De um lado, o
governo j� de mangas arrega�adas para reverter uma impopularidade marcante,
de outro a oposi��o que n�o se entende e no meio de tudo isto analistas nem
sempre corretos nos seus artigos ou na elabora��o do notici�rio. Um poss�vel
candidato � presid�ncia da Rep�blica � endeusado num dia e, logo a seguir,
tomba do pedestal erguido pelo mesmo rep�rter ou cientista social menos
avisado. Isto gera confus�o, al�m de certos pol�ticos estarem marcados com
o sinete de uma persegui��o contumaz. � l�gico que este estado de coisas
reflete irresponsabilidade e n�o coincide com a liberdade de imprensa, sendo
um desservi�o � pr�pria democracia. Noticiar uma acusa��o sem fundamento
� at� um crime, como tamb�m seria criminal ocultar desvios que caracterizam
corrup��o.
A
regra de ouro empregada pelos profissionais da m�dia, felizmente, os mais
numerosos, � esta: �A Imprensa precisa selecionar�. Procurar conhecer
e/ou verificar os fatos e as conseq��ncias do que � divulgado � uma obriga��o
elementar de quem deseja ficar dentro dos lindes de uma conduta louv�vel.
Lutar por um jornalismo s�rio � uma obriga��o de todos. Tem raz�o o
articulista da Revista mensal da C�mara Americana de Com�rcio de S�o Paulo
ao asseverar, no m�s de julho, que �o Brasil precisa de uma imprensa forte,
livre e vigorosa, sem medo de expor o mal, mas tamb�m disposta a rejeitar a
manchete f�cil em troca de reportagem s�lida e bem fundamentada�. �tica
na comunica��o vem sendo, ali�s, o tema de numerosos simp�sios e vai se
criando uma mentalidade sadia rumo a objetivos que contribuem para o progresso
nacional. O referencial de todo e qualquer texto deveria, portanto, ser a
verdade, evitando a fal�cia, abolindo persegui��es m�rbidas, ou um
servilismo ign�bil a interesses de grupos. Deste modo, sim, se construir�,
ininterruptamente, uma sociedade mais humana e justa.
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Professor do Instituto de Filosofia do Semin�rio de Mariana