Todos
temos em mente que somos hoje em dia, seres evolu�dos, em quase todos os
aspectos. Seja do ponto de vista cient�fico, religioso, social e econ�mico.
Temos em nossas m�os, mecanismos que outrora seriam inimagin�veis. Os avi�es
de hoje em dia causariam um alarde na Idade M�dia semelhante ao fim do mundo.
Os reis que dormiam em camas de palha e achavam que desfrutavam de um conforto
fant�stico, n�o acreditariam nos confortos que uma pessoa pode possuir em seu
lar, como a TV, o r�dio e tantas outras coisas que tornam a tarefa de sair de
casa algo quase desnecess�rio, a n�o ser para trabalhar ou estudar.
Mas
tudo isso teve um ponto de partida. Logicamente, desde o surgimento do homem,
ele assistiu a v�rias transforma��es nos segmentos que permitiram o seu
avan�o. Essas transforma��es nos meios de produ��o, sempre foram inerentes
ao homem desde os prim�rdios. Mas num aspecto mais espec�fico, nenhum
movimento social e ideol�gico teve um papel t�o importante para o nosso atual
modo de vida, quanto o Iluminismo.
At�
o s�culo XVII, o mundo ocidental vivia sob a tutela de seus reis e seus
interesses, num modelo absolutista que colocava a lei divina como explica��o
para todas as coisas. Realmente, se pensarmos bem, dessa forma � muito f�cil
entender as coisas, pois tudo que acontecia era pela vontade de um ser
superior, que dava ordena��o a todas as coisas, numa conjuntura em que se
instalava uma sociedade de ordens que n�o dava �s classes mais baixas
nenhuma forma de contesta��o, sob pena de heresia. O desenvolvimento
cient�fico era duramente criticado, principalmente nos campos da qu�mica e
f�sica, pois suas particularidades se opunham a uma suposta vontade divina.
Principalmente a qu�mica, que visava a modifica��o de elementos e sua transforma��o
em outros, o que para as mentes pensantes da �poca seria imposs�vel, pois o
�nico que poderia mesclar e criar novas coisas era Deus.
A
mente do homem at� o momento era uma mente voltada para o religioso, e �
exatamente esse o ponto mais importante do pensamento que o Iluminismo
modificou: a observa��o racional em detrimento do pensamento religioso. A
observa��o das atividades da natureza e das suas transforma��es acabou
levando o homem a tomar gosto e buscar desenvolver atividades cient�ficas.
Come�ou-se a criticar o regime de governo absolutista, que pelo seu car�ter
divino e centralizador, contrastava com o ideal de igualdade e liberdade que
surgia com a burguesia. Essas mudan�as levaram a conseq��ncias dr�sticas e
que mudaram a ordem mundial deste s�culo, e que dita algumas regras da nossa
sociedade at� hoje. A cr�tica come�ou por esse n�cleo, que se desenvolveu
a tal ponto, que veio a culminar com a id�ias liberais e democratas, que iam
chocar-se com os ideais do Antigo Regime. Em decorr�ncia disso, cientistas
pol�ticos e intelectuais do s�culo XIX desenvolveram teorias pol�ticas e
econ�micas. Podemos citar os �rom�nticos� do s�culo XVIII como exemplo
cl�ssico de movimentos que levaram essas id�ias liberais � frente, com
fortes influ�ncias quanto a um conjunto de movimentos �contempor�neos�
que surgiram com a Revolu��o Francesa.
O
desenvolvimento cient�fico levou a profundas transforma��es em todos os
seus campos. Na f�sica, a eletricidade teve um desenvolvimento
impressionante, levando a inven��o da pilha el�trica e do p�ra-raios. A
m�quina a vapor foi uma inven��o que revolucionou a ind�stria n�utica e a
marinha de guerra. Outras ci�ncias, como a matem�tica, a astronomia, a
qu�mica alcan�aram grandes inova��es e se firmaram como ci�ncia. Nas
ci�ncias sociais, o direito e a hist�ria modificaram suas estruturas. No
campo da hist�ria, as mudan�as foram significativas. Com Voltaire, a
hist�ria narrativa dos grandes reinos, passou a inserir elementos integrantes
de seus povos, como os costumes, cren�as e particularidades, passando a se
tornar uma hist�ria narrativa das civiliza��es. Surgiu uma preocupa��o
por parte da historiografia, em desenvolver m�todos para o tratamento do
documento no estudo hist�rico. N�o se tratou de uma modifica��o a ponto de
revolucionar o campo, mas uma preocupa��o em criar um m�todo com base
cient�fica que desse alguma ordena��o ao estudo hist�rico. Tudo isso, numa
atmosfera impregnada do cientificismo do s�culo XIX. Isso � um fato que n�o
pode ser esquecido, pois constituiu um grande passo para o crescimento da
hist�ria como ci�ncia, j� que com o cientificismo, pela primeira vez se
criou uma metodologia para o estudo documental. Mas � bom lembrar que o
documento nesse momento, ainda n�o perdeu seu �escudo indestrut�vel� de
verdade absoluta e inabal�vel.
Quanto
a economia, pode-se pensar o s�culo XVIII como sendo um intermedi�rio entre
duas formas de capitalismo, uma transi��o entre o capitalismo comercial
(mercantilismo) para o capitalismo industrial. N�o se pode pensar essa
mudan�a sem falar da maior transforma��o ocorrida no s�culo XIX: a
Revolu��o Industrial. Ela consiste na transforma��o das formas de
produ��o, inserindo nela a m�quina, instrumento que vai come�ar o processo
de automatiza��o da produ��o e o aumento do contingente de produtos,
enchendo o mercado de produtos, e modificando bruscamente as rela��es
comerciais de todo o mundo, essa revolu��o que se iniciou com a Inglaterra
no s�culo XVIII e continuou no s�culo XIX com os Estados Unidos, Jap�o,
Alemanha, Fran�a e outros.
As
id�ias liberais, que pregavam a liberdade de com�rcio, e que foi defendida
com unhas e dentes por diversos cientistas, como Adam Smith, foram bastante
difundidas, aproveitando o advento dos novos conceitos de um modo de
produ��o que estava se formando. Modo esse, que valorizava os desejos e
anseios do ser humano, ou seja, a sua ambi��o, lux�ria e �necessidades�
faziam parte do motor que girava a m�quina dos �sonhos� capitalista.
Dentro
deste campo, n�o poderiam ser deixadas de lado, as id�ias de Karl Marx, do
estudo das estruturas e que deixaram marcas fortes que inspiraram diversas
correntes ideol�gicas econ�micas no mundo inteiro. Um exemplo que �
importante ser citado � a corrente marxista inglesa, com Thompson e Hobsbawn
como seus �cones, al�m de outros.
A
partir deste momento, houve uma enorme necessidade de buscar novos mercados,
quebrando com o sistema colonial (como foi o caso do Brasil do s�culo XIX,
que abriu seu com�rcio para os produtos ingleses) e mudando a ordem
econ�mica do Velho Continente e do restante do mundo. Partiu da� uma busca
incessante de novos mercados e novas fontes de mat�rias-primas que criaram
grandes rivalidades entre os Estados desenvolvidos que acarretou na Primeira
Guerra Mundial (s�culo XX).
Tra�ando
essa linha do tempo e abordando muito brevemente os acontecimentos mais
importantes nesses per�odos, percebemos o quanto foi importante o s�culo
XVIII para a forma��o da mente do homem para o s�culo XX e o in�cio do
s�culo XXI, e mesmo com todo o advento das inven��es e a cria��o de novas
rela��es econ�micas e sociais, as lembran�as que os homens de 1700 e 1800
nos deixaram ainda est�o muito fortes, mesmo que n�o nos lembremos delas.
Bibliografia
MACRIDIS, Roy C. Ideologias
pol�ticas contempor�neas (Tradu��o de Luis Tupy Caldas de Moura e
Maria In�s Caldas de Moura) Bras�lia: Universidade de Bras�lia, 1982.
CARDOSO. Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo. Dom�nios da Hist�ria. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
MOUSNIER, Roland; LABROUSSE,
Ernest. Hist�ria Geral das Civiliza��es: o s�culo XVIII. S�o
Paulo: Difus�o europ�ia do livro, tomo V, 1968.