A
Rep�blica Velha ou Primeira Rep�blica � delimitada por duas interven��es
militares - 1889 (Proclama��o da Rep�blica) e 1930 (Revolu��o de 1930) -,
mas elas n�o foram as �nicas no per�odo. Jos� Murilo de Carvalho (1977,
p.185)
relaciona 16 interven��es das For�as Armadas nesse per�odo e dentre essas, a
Revolta do Forte de Copacabana ocupa um lugar de destaque, por ser a primeira
a��o do movimento, que a partir da d�cada de 30, ficaria conhecido como
Tenentismo(1) e que contribuiria para o fim da Rep�blica Velha.
O
Brasil da Rep�blica Velha era economicamente agr�cola. Nosso principal
produto era o caf�, seguido pela borracha, a��car e outros produtos
agropecu�rios. Essa predomin�ncia agr�cola se refletia na ocupa��o dos
trabalhadores. O censo de 1920 apontava que, dos 9,1 milh�es de pessoas em
atividade, 6,3 milh�es (69,7%) se dedicavam � agricultura, 1,2 milh�o
(13,8%) � ind�stria e 1,5 milh�o (16,5%) aos servi�os (FAUSTO, 1996,
p.281-282).
Mesmo
sendo o carro-chefe da economia brasileira, a produ��o cafeeira passava por
crises repetidamente, com queda de pre�os no mercado internacional e
excedentes n�o comercializados. Por isso, desde 1906, com o Conv�nio de
Taubat�, o Governo Federal praticava uma pol�tica econ�mica de
valoriza��o do caf�, comprando os excedentes para manter o pre�o do caf�
em um n�vel satisfat�rio para os cafeicultores.
Apesar
da manuten��o da estrutura econ�mica agro-exportadora, as duas primeiras
d�cadas do s�culo XX viram um incremento na industrializa��o, observ�vel
pela compara��o das estat�sticas industriais de 1910, com 3.424 f�bricas e
159.600 oper�rios, e de 1920, com 13.336 f�bricas empregando 275.512
oper�rios (BASBAUM, 1997, p.99). Contudo esse crescimento precisa ser relativizado, pois
a maior parte das ind�strias eram dos setores aliment�cio e t�xtil (67,8%),
enquanto o desenvolvimento das ind�strias de base era pequeno. Como exemplo,
somente em 1921, a primeira grande ind�stria sider�rgica no Brasil foi
criada, a Belgo-Mineira, que possu�a apenas um alto-forno, o que demonstra a
fragilidade do setor industrial brasileiro.
Fia��o e Tecidos Progresso da
Fronteira. Ind�stria t�xtil no Rio Grande do Sul em 1916
Outro
importante ponto a ser destacado � a urbaniza��o (multiplica��o e
crescimento dos n�cleos urbanos), que conjuntamente com o crescimento
demogr�fico alterava a face urbana do Brasil desde meados do s�culo XIX.
Esse fen�meno que estava ligado � expans�o da cafeicultura e posteriormente
ao crescimento industrial, diversificava a sociedade ampliando as classes
m�dias urbanas e o proletariado e fornecia um p�blico e poss�veis votos
para pol�ticos que quisessem escapar do controle olig�rquico.
Politicamente,
o Brasil do in�cio do s�culo XX ainda podia ser chamado de Rep�blica do
Caf�-com-Leite. Os dois principais estados da Uni�o, S�o Paulo e Minas
Gerais, detinham a hegemonia pol�tica, secundados pelos demais estados. Essa
preponder�ncia era mantida por uma m�quina eleitoral, "que se estendia
por todo o pa�s, mergulhando suas ra�zes na terra.
Era
como uma pir�mide em cujo �pice se encontrava o Presidente da Rep�blica,
vindo logo abaixo o Partido Republicano Paulista e os Partidos Republicanos
Estaduais;e na base do arcabou�o, o coronel e sua fam�lia, amigos, parentes
e dependentes, constituindo as famosas oligarquias estaduais, pequenos Estados
dentro do Estado, que centralizavam em suas m�os, nos sert�es, os tr�s
poderes fundamentais da Rep�blica: legislavam, julgavam e executavam. [...]
Tal
era a estrutura pol�tica do pa�s. Da� nasciam os deputados e senadores
estaduais e federais, e o Presidente da Rep�blica. [...]
O
interior do pa�s, sujeito a esse regime, concentrava 70% da popula��o e,
por mais livres que fossem os eleitores das cidades, a vota��o do interior,
produto das das m�quinas eleitorais, os sobrepujava" BASBAUM,
1997, p.190-191).
Foi
nesse quadro que a jovem oficialidade do Ex�rcito inconformada com a
situa��o pol�tica do pa�s se revoltaria v�rias vezes a partir de 1922,
criando o movimento de rebeldia militar mais profundo e duradouro da
Rep�blica.
Notas
(1) Vavy Pacheco Borges em Tenentismo e
Revolu��o Brasileira mostra com o termo "Tenentismo" foi
criado ap�s a Revolu��o de 30.