Durante
todo o processo colonizador do Brasil foram criadas diversas cidades, vilas,
vilarejos, capitais grandes e pequenas. Contudo, n�o surgiram, simplesmente ao
acaso; em sua grande maioria foram inicialmente planejadas em sua configura��o
original, amplamente influenciadas por uma arquitetura lusitana medieval:
aglomeradas no litoral, a constru��o de cidades em acr�pole se imp�s (MARX,
1980, p.20).
A
cidade lusitana colonial quinhentista foi planejada como entreposto comercial
e militar, mas com o crescimento da economia e a tend�ncia de aglomera��o
urbana, esse planejamento parece sair do controle das estruturas jur�dicas
respons�veis pela regulamenta��o e manuten��o da ordem urbana colonial. A
partir da�, o sistema urbano entra em crises, por trazer, dentre outros
fatores, freq�entes desconfortos aos seus habitantes.
Terra Brasilis.
Mapa de L�po Homem
feito em pergaminho
por volta de 1519.
Biblioteca Nacional de Paris.
A
problem�tica da urbaniza��o colonial parece surgir, ent�o, de um grande
crescimento, aliado a um sentimento tempor�rio, por parte dos colonizadores,
que viviam sob o signo do provis�rio (ARA�JO, 1997, p.31),
ao contr�rio do que acontecia nas pequenas vilas. Essas parecem manter sua
estrutura inicialmente planejada, devido ao pequeno aumento populacional que
sofrem e da aus�ncia de um planejamento militar de defesa (fortes e
acr�pole), t�pica dos centros urbanos litor�neos. Existe, por�m, uma
grande cidade que n�o obedeceu �s regras portuguesas de constru��o e nem
perdeu suas estruturas mediante o processo de crescimento urbanizador: Recife
parece ser exce��o se considerada a sua origem flamenga.
Contudo,
tanto Recife, quanto Salvador, Vila Rica, Rio de Janeiro e Mariana, apesar de
suas diferen�as, est�o vinculadas �s necessidades pol�ticas e comerciais
das metr�poles e da pr�pria col�nia, o que � fator fundamental no
entendimento dos tra�ados estruturais e legislativos do planejamento urbano
colonial. O planejamento urbano n�o se desvincula da din�mica econ�mica
mercantil.
A
visualiza��o dos centros urbanos pode ser bem caracterizada por relatos de
viajantes estrangeiros, mapas e plantas baixas da �poca que remontam um mundo
urbano de �clima e gente infernal� habitado pelo �povo mais grosseiro,
ingrato e atrevido da Am�rica� (Cartas
da Bahia. Relatos do Marqu�s de Lavradio, 1768).