Medo.
O que � ter medo? Medo e ang�stia s�o as mesmas coisas? Como � o medo
coletivo? O medo realmente � uma caracter�stica inata ao homem ou implantado
nas mentes humanas pelas for�as dominadoras? Perguntas intrigantes. Por�m,
longe de querer fornecer respostas, mas nessa busca dos medos que afligiram os
medievos se tentar� ao menos expor algumas particularidades, peculiaridades
ou situa��es desse per�odo, com o intuito de nos remeter ao imagin�rio
dessa sociedade para se poder compreender melhor a nossa pr�pria sociedade.
Al�m
disso, falar sobre o medo na imin�ncia de mais um fim de mil�nio, quando
praticamente toda a sociedade ocidental se auto-analisa, alguns de forma cr�tica,
outros religiosa e outros ainda miticamente, refletindo sobre o futuro e
questionando como ele ser� ou se teremos futuro, � bastante apropriado, afinal,
tem-se em comum com os homens medievais o mesmo pensamento que o mundo ir�
acabar, s� que agora no ano 2000, pois, como diz uma frase a qual parece provir
da B�blia e muito difundida entre os crist�os: �At� 2000 ir�, mas al�m
dele n�o passar�!."(1) Essa frase assusta, especialmente a grande massa
popular que � a mais atingida pela influ�ncia dos medos origin�rios na Idade
M�dia.
Outro
ponto determinante na escolha desse tema, refere-se a escassez bibliogr�fica
sobre ele, embora, como j� falado, o imagin�rio contempor�neo � povoado de
medos. N�o h� quem n�o tenha medo, seja do que for, mesmo que se tente
esconder. Ent�o, na ca�a ao entendimento do porqu� isso ocorre, j� que
produzir Hist�ria �, no m�nimo, tentar compreender e explicar qual o
pensamento de uma sociedade, que a faz cometer essa ou aquela a��o e o que se
pode fazer para, na contemporaneidade, evitar os mesmos erros passados,
procurando assim, elucidar e intervir coerentemente nos problemas presentes.
Assim,
para a elabora��o desse trabalho, as consultas basearam-se nos livros de Hil�rio
Franco J�nior � O Ano 1000: tempo de medo ou de esperan�a; Hist�ria da Vida
Privada, volume I e na obra de Jean Delumeau, Hist�ria do Medo no Ocidente
(1300-1800), j� que n�o foi poss�vel pesquisar fontes prim�rias. Esta �ltima
obra citada, apesar de tratar especificamente do tema trabalhado, muitas vezes
foi dif�cil precisar a data de origem de um medo determinado. Dessa forma, �
bem poss�vel que na an�lise feita alguns erros tenham sido cometidos e, se
foram, retifica��es e cr�ticas construtivas ser�o aceitas.
Especificamente,
o tema delineia-se na Alta Idade M�dia, por�m alguns medos originam-se nos per�odos
finais, acentuando-se, sobremaneira, no per�odo seguinte, os quais ficam mais
caracterizados. Espacialmente, de forma geral, os medos estudados e explanados
adiante faziam parte do imagin�rio crist�o da Europa Ocidental, os quais foram
provocados devido ao contexto cultural, social, pol�tico e econ�mico desse per�odo.
A
composi��o do presente trabalho, inicialmente explica o significado do medo,
compreendendo-se como fator fundamental para o entendimento da infinidade dos
medos produzidos em uma sociedade e do porqu� eles afetam psicologicamente os
homens. Depois, a fim de se inteirar do contexto social em que esses homens
viviam s�o colocadas algumas considera��es. E, finalmente, os tipos de medos
que povoaram os pensamentos medievais, suas causas e conseq��ncias refletidas
na evolu��o hist�rica, procurando, enfim, aprofundar os conhecimentos sobre o
homem medieval.