Imprensa Oficial do Estado de S�o Paulo (IMESP), M
Ano:
2002
Nº de páginas:
384
A guerra � sempre mais traum�tica quando temos contato com filmes, fotos, depoimentos ou outro registro que nos revele a barb�rie que ela �. Esse � o caso do livro "Um m�dico brasileiro no front", publicado conjuntamente pela Imprensa Oficial do Estado de S�o Paulo (IMESP), Museu Hist�rico da Imigra��o Japonesa, Narrativa Um e Hacker Editores e que relata a experi�ncia do m�dico Massaki Udihara, que participou como tenente da For�a Expedicion�ria Brasileira (FEB) na 2� Guerra Mundial.
O di�rio que possui 450 registros come�ou a ser escrito em 29 de junho de 1944, quando as tropas brasileiras foram colocadas em prontid�o para o embarque rumo � It�lia, at� 16 de junho de 1945, quando Udihara retornou ao Brasil. Al�m do di�rio, o livro conta com as 300 cartas enviadas por ele � sua noiva, Maria Haramura. Durante esse per�odo, Udihara colocou sua impress�es sobre a guerra, registrando o cotidiano dos pracinhas e a trag�dia do campo de batalha. Em um dos trechos do di�rio, ele faz uma contundente an�lise da guerra: "Dolorosa e triste humanidade que permite e faz isso. Homens que nada tiveram e nada sabem das ambi��es dos poderosos pagam diariamente o seu tributo de sangue e carne".
Em outra parte, ele critica a organiza��o militar: "Deram-me uma barraca. Um dos lados � todo aberto. Um pouco menos que a dos pra�as. Terei que dormir l� ao relento enquanto Sua Ex� tem luz el�trica e tudo o mais. A minha � menor que do soldado. Queriam que eu trocasse com um. N�o concordei. Animais".
Udihara n�o era um jovem quando foi para a It�lia, ele tinha 31 anos e era um homem intelectualizado que foi um dos primeiros nisseis a cursar Medicina na Universidade de S�o Paulo (USP), al�m de participar da Liga Estudantina Nipo-Brasileira, organiza��o que reunia estudantes nisseis e promovia eventos culturais, reuni�es e a publica��o de revistas. Talvez por isso mesmo, antes de falecer em 1981, Udihara j� pensava em publicar seu di�rio, j� que muitas partes dele j� estavam datilografadas. Infelizmente o "pequeno japon�s", como era chamado, n�o teve tempo para completar sua �ltima tarefa. No entanto, sua filha, Maria L�cia Udihara, trouxe � luz esse importante registro da participa��o brasileira na campanha italiana dos aliados contra os nazistas.