Repress�o ao protestantismo, ao juda�smo e � feiti�aria. Censores em a��o feroz contra a atividade intelectual. Torturas cruelmente requintadas. Fogueiras consumindo homens e mulheres em pra�a p�blica, diante de uma multid�o fascinada.
Essas s�o as imagens mais difundidas da Inquisi��o, que costuma ser apresentada como uma realidade �nica. Ao usar o plural no t�tulo de seu livro - "Hist�ria das Inquisi��es" -, o historiador portugu�s Francisco Bethencourt j� anuncia que vai al�m de reproduzir a imagem cl�ssica dessa institui��o. Um dos aspectos que ele toma como ponto de partida para a sua pesquisa � a dura��o excepcionalmente longa do aparelho inquisitorial: como uma institui��o criada no s�culo XIII conseguiu se manter em funcionamento at� os s�culos XVIII e XIX?
Analisando com arg�cia os ritos, as etiquetas, as formas de organiza��o, os modos de a��o e a iconografia que as Inquisi��es produziram em Portugal, na Espanha e na It�lia, Bethencourt acaba desvendando uma rede quase desconhecida de estruturas mentais na Europa latina, al�m de revelar os muitos efeitos da repress�o �s heresias nas sociedades que elas tentaram subverter.
Francisco Bethencourt nasceu em Lisboa, em 1955. Foi diretor da Biblioteca Nacional de Portugal (1996-8) e atualmente dirige o Centre Culturel Calouste Gulbenkian, em Paris. Professor na Faculdade de Ci�ncias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, foi professor visitante em diversas universidades, como a Brown University, nos Estados Unidos, e a Universidade de S�o Paulo. Doutorou-se em Hist�ria e Civiliza��o no Instituto Universit�rio Europeu de Floren�a (1992). Autor de "O imagin�rio da magia" (Universidade Aberta, 1987), organizou em colabora��o o volume "A mem�ria da na��o" (S� da Costa, 1991) e a cole��o "Hist�ria da expans�o portuguesa" (5 vols., C�rculo de Leitores, 1998-9).