O pesquisador B. J. Barickman trabalhou mais de tr�s anos revisando a tradu��o da edi��o brasileira de "Um contraponto baiano: A��car, fumo, mandioca e escravid�o no Rec�ncavo, 1780-1860", que inclui ainda adapta��es e novos e relevantes acr�scimos. Lan�ado originalmente em 1998 nos Estados Unidos, trata-se do primeiro livro do autor, que usou o tema como tese de doutorado, depois de desenvolver uma afinidade com o nosso pa�s que come�ou nos anos 70, e de aprender a falar portugu�s �na marra�, como diz.
Barickman, professor da Universidade do Arizona, � um dos principais brasilianistas da atualidade e neste livro apresenta um estudo detalhado sobre a diversidade da economia escravista, que desafia um conceito cl�ssico: o de que a agricultura destinada � exporta��o inibiu o desenvolvimento da agricultura para abastecimento do mercado interno. Entre outras inova��es, o livro revela que �os escravos tinham o direito de controlar pelo menos uma parte de suas vidas e impor algumas restri��es aos senhores�.
Bert Barickman � um dos mais respeitados e conhecidos historiadores dedicados ao Brasil no exterior. Investigando o Rec�ncavo Baiano, uma das muitas e das mais importantes regi�es de plantation do Novo Mundo, o autor revela peculiaridades da regi�o. Apesar da produ��o do a��car ter sido combinada ao trabalho escravo, o Rec�ncavo cultivava um outro importante produto de exporta��o: o fumo. Este, um produto de import�ncia estrat�gica que serviu como moeda de troca no com�rcio de escravos. Fazendo contraponto com esses dois produtos, estava a mandioca - grande parte de sua produ��o era destinada ao consumo interno. Assim, ao combinar o estudo desses tr�s produtos e sua rela��o com a escravid�o, Barickman desafia os registros da hist�ria, criando uma obra original e inovadora.
Segundo o autor, o aumento da agricultura de exporta��o no Rec�ncavo, principalmente a partir do final do s�culo XVIII, contribuiu para o aumento do plantio da mandioca, produto vital para a alimenta��o de uma crescente popula��o escrava e livre. O estudo acrescenta que os pr�prios escravos plantavam mandioca em suas ro�as de subsist�ncia. Al�m de apresentar a hist�ria social da economia da regi�o, povoada com hist�rias da vida de personagens que humanizam a teoria, Barickman prova com dados - pre�os e cota��es dos produtos no mercado exterior - o que diz, abalizando sua tese.
Resultado de pesquisas exaustivas, cuidadosas e com uma argumenta��o impec�vel, "Um contraponto baiano: A��car, fumo, mandioca e escravid�o no Rec�ncavo, 1780-1860" consegue, enfim, desfazer alguns n�s da historiografia brasileira. Uma obra definitiva sobre a economia do Rec�ncavo nos s�culos XVIII e XIX e um ponto de partida dos mais valiosos para investigar a hist�ria social e cultural da regi�o.