Livro: Enciclop�dia de mitologia: n�rdica, cl�ssica, celta
Autor(es): Arthur Cotterell
Editora: Livros e Livros
Ano: 1998
Nº de páginas: 256

Organizada em forma alfab�tica e com tr�s divis�es (mitologia n�rdica, cl�ssica e celta), a obra possui uma espetacular estrutura iconogr�fica, apresentando telas, ilustra��es e esculturas de personagens mitol�gicos. Algumas imagens s�o extremamente raras, como as telas oitocentistas de Gustav Malmstrom, A. Gallen-Kallela, G. von Leeke e Fran�ois Gerard. Diversos artistas contempor�neos complementam a descri��o de cada verbete. Esse � certamente o maior m�rito deste livro, fornecendo ao pesquisador condi��es de identificar as fontes iconogr�ficas a partir de seu autor, data e mesmo atual arquivo ou museu em que se encontra. No caso espec�fico da estrutura dos mitos, o livro apresenta um panorama gen�rico, facilitando a identifica��o de cada personagem dentro da complexa genealogia n�rdica. Isso torna-se ainda mais interessante com rela��o aos deuses menos conhecidos, como Gefion, Billing ou Andvari, concedendo ao leitor uma precisa reconstitui��o terminol�gica. Apesar destes m�ritos, este livro apresenta alguns problemas. Em primeiro lugar, o autor inseriu no cap�tulo sobre os n�rdicos alguns deuses que fazem parte da mitologia eslava. � certo que as tradi��es germ�nicas se espalharam pela Europa continental, originando muitas vezes os mesmos personagens com nomes diferentes. Os sax�es, jutos e anglos chamavam o deus viking Thor de Donnar, enquanto os habitantes da R�ssia (colonizados pelos Rus, os vikings suecos) o denominavam de Perunu. Outros deuses eslavos que tinham correla��o com os mitos germ�nicos foram Potrimpo (identificado � Freyer) e Patollo (similar a Odin). Mas alguns personagens mencionados pelo livro � como Baba Yaga, Vlkodlak, Vales e Triglav � por serem �nicos na tradi��o eslava, deveriam ser inclu�dos em um cap�tulo separado. O autor repetiu o mesmo personagem em dois voc�bulos diferentes: Siegmund e Sigmund (p. 205, 222, 223 e 228). Na realidade, tanto na tradi��o alem� ( Nibelungenlied) quanto na escandinava (Volsunga saga), Siegmund era o pai do her�i Sigurd/Siegfried - o matador do drag�o Fafnir. Alguns deuses germ�nicos muito importantes foram omitidos, como por exemplo Ostara, deusa da primavera, foi citada por Bede (673) e Jacob Grimm (1835), e constituiu a origem de um festival pag�o em abril, convertido na p�scoa crist� (Ostern, p�scoa em alem�o; Easter, em ingl�s). Outros personagens m�ticos esquecidos foram Bestla e Narvi. Os Nibelungos, m�ticos povos de an�es que deram origem � epop�ias escandinavas e alem�s, tamb�m foram omitidos. Alguns importantes mundos do universo n�rdico est�o ausentes: Midgard (a Terra), Alfheim (o local dos duendes), Vanaheim, Muspenheim (a casa dos gigantes de fogo), Jotuheim. Omiss�es tamb�m ocorreram no cap�tulo sobre mitos celtas, com os dois personagens irlandeses mais famosos na atualidade: o rei Conan e o deus ceifador de crian�as Cromm. Conan tornou-se um her�i muito popular com os romances de Robert Howard (1906-1936), e posterior adapta��o para as hist�rias em quadrinhos e cinema. Na iconografia, algumas pinturas apresentam data��es erradas. O quadro Ogma de Nick Beale, � apresentado com sendo de 1910 (p. 154), mas todas as outras ilustra��es deste pintor s�o datadas de 1995. A pintura Thor e os gigantes de M. E. Winge, de 1872, foi apresentando como sendo de 1890 (p. 230). A impressionante tela de Karl Ludwig Engel A cavalgada das Valqu�rias, foi datada como sendo de 1680 (p. 212). O problema � que esse pintor alem�o viveu de 1778 a 1840! No quadro Freyja, de B. Blommer, o livro apresenta duas datas: 1852 (p. 190) e 1952 (p. 196). Em rela��o aos ilustradores contratados para complementar a obra em 1995 � James Alexander e Nick Beale � percebemos uma profunda preocupa��o de pesquisa e leitura das fontes mitol�gicas originais. Rompeu-se desta maneira, com uma tradi��o iniciada no Oitocentos em representar os deuses n�rdicos e celtas portando capacetes com um par de asas, e principalmente, enormes chifres. Um exemplo � com Odin, que nos relatos m�ticos era caolho, trajava uma t�nica e um imenso chap�u, mas nas pinturas e na �pera do s�culo XIX transmutou-se em um imenso guerreiro de armadura, com um elmo de gigantescas asas de �guia. Devido ao estere�tipo criado pelos pintores oitocentistas, atualmente os pr�prios vikings s�o associados no imagin�rio a capacetes com cornos � um fato nunca comprovado pela arqueologia e pela documenta��o hist�rica.



Johnni Langer




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