Para Michael Oakeshott (1901-1990), o desafio espec�fico dos historiadores � deixar de lado quaisquer preocupa��es de ordem pr�tica ou ideol�gica em sua abordagem do passado, pois uma das maiores ilus�es do ser humano � a cren�a em sistemas que nos levar�o � perfei��o final numa terra prometida. Desafio extremamente dif�cil, porque geralmente nosso interesse predominante n�o est� na Hist�ria em si, mas na pol�tica retrospectiva, e temos a tend�ncia a transformar sistemas filos�ficos em evangelhos.
�Sobre a Hist�ria� (1983) re�ne cinco ensaios do pensador ingl�s que abordam temas centrais da ci�ncia pol�tica, como a natureza da Hist�ria, o primado da lei e a luta pelo poder inerente � condi��o humana. Oakeshott se destaca entre os fil�sofos pol�ticos modernos por ter levado at� os limites do entendimento humano suas d�vidas quanto aos fundamentos racionais.
� um equ�voco, por�m, classific�-lo como c�tico; ao contr�rio, sua compreens�o da liberdade decorre do fato de acreditar que n�o estamos condenados a �obter e gastar� � �dan�a macabra das necessidades e satisfa��es� e que existem diferentes maneiras de respondermos ao mundo.
A original abordagem hist�rica deste pensador ingl�s foi forjada pela leitura de S�crates, Santo Agostinho, Montaigne e Hobbes, mas ele n�o entendia os cl�ssicos como reposit�rios de conhecimentos e li��es de uso pr�tico, e sim como introdu��es a modos de pensar.