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Livro: |
Mitos N�rdicos: o passado lend�rio |
Autor(es): |
R.I. Page |
Editora: |
Centauro |
Ano: |
1999 |
Nº de páginas: |
80 |
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A melhor op��o em portugu�s sobre mitologia viking. O autor � professor de anglo-sax�o da Universidade de Cambridge, bibliotec�rio do Corpus Christie College e especialista em epigrafia r�nica. Teve acesso n�o somente �s fontes b�sicas sobre o tema � nos pr�prios arquivos originais � como tamb�m domina a bibliografia moderna em ingl�s, franc�s e alem�o.
Apesar dessa forte tend�ncia acad�mica, o texto do livro de Page � bem acess�vel, mas sempre recorrendo � cita��es originais dos documentos consultados, bem como utilizando grafias, terminologias e express�es pr�prias dos dialetos germ�nicos. Dentro dessa proposta erudita, o autor incluiu uma rica iconografia fotogr�fica baseada em artefatos, est�tuas, inscri��es e relevos vikings, o que concede uma imagem muito mais fiel ao verdadeiro universo m�tico. Essa proposta de reconstitui��o �arqueol�gica� da imagem dos mitos, tem a vantagem de superar diversos estere�tipos (alguns sobre os pr�prios b�rbaros germ�nicos) que foram iniciados a partir do Oitocentos na Europa. Uma parte essencial do livro, especialmente para os historiadores, � o cap�tulo �Onde encontrar os mitos n�rdicos�. Atrav�s dele, Page relativiza a leitura dos documentos cl�ssicos, procurando verificar at� onde houve interfer�ncia da cultura crist� e medieval na perpetua��o das narrativas orais. Ou seja, o folclore viking pode ter sido reinterpretado em alguns aspectos, no momento em que foi finalmente escrito. � uma quest�o complexa, visto que os especialistas nunca ter�o a oportunidade de estudar a mitologia escandinava em seu momento original � do per�odo viking restam somente algumas inscri��es no alfabeto r�nico, com poucos detalhes sobre seus deuses.
Ap�s a introdu��o documental e no��es b�sicas do universo geneal�gico das divindades, o autor define as ramifica��es das duas principais fam�lias de deuses n�rdicos: os Aesir e os Vanir. Em cap�tulos separados, Page descreve os dois Aesir principais , que tamb�m s�o os dois deuses germ�nicos mais populares: Odin (Wotan) e Thor (Donnar). Ap�s a descri��o das mirabolantes aventuras de Odin e Thor, o livro de Page concede uma detalhada reconstitui��o de duas figuras complexas e atraentes, os deuses Balder � o formoso, e Loki. Ap�s a destrui��o catastr�fica do mundo, no qual os Aesir e Vanir unem-se em batalha contra seus inimigos, os gigantes e os filhos de Loki, inicia-se um novo mundo. Outros deuses muito interessantes tamb�m s�o comentados, como os irm�os g�meos Freyr e Freyja, respons�veis pela fertilidade. O �ltimo cap�tulo do livro de Page reconstitui alguns her�is das sagas, como Regin, Volsung, Sigmund e Sigurd, n�o t�o conhecidos do grande p�blico, mas por certo personagens fundamentais na cosmogonia germ�nica, e que tiveram grande import�ncia no romantismo europeu do s�culo XIX. Percebe-se em todo o texto deste historiador brit�nico uma preocupa��o em identificar significados sociais, seja a partir de poss�veis origens etimol�gicas, como tentando encontrar equival�ncias das narrativas no pr�prio cotidiano e cultura dos escandinavos. Uma influ�ncia da no��o de mito elaborada por Georges Dum�zil, principalmente em sua obra �Mythes et dieux des Germains�. Nas tradi��es imagin�rias dos germ�nos pode-se verificar elementos da evolu��o social em um sentido militar. Ou seja, os mitos s�o formas particulares de narrativas imagin�rias determinadas pelo contexto cultural.
Johnni Langer
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