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Livro: |
Os Intelectuais na Idade M�dia |
Autor(es): |
Jacques Le Goff |
Editora: |
Jos� Olympio |
Ano: |
2003 |
Nº de páginas: |
256 |
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Originalmente escrito em 1957 e reeditado na Fran�a com novo pref�cio do autor em 1984, �Os Intelectuais na Idade M�dia� � relan�ado agora no Brasil pela Jos� Olympio com tradu��o de Marcos de Castro. Para Jacques Le Goff, �o ponto de vista central deste ensaio n�o cessou desde os anos 50 de ser confirmado e enriquecido�. A edi��o francesa que d� origem a esta � de 2000 e traz extensa bibliografia no fim do volume, chamada de ensaio bibliogr�fico.
A Idade M�dia foi um laborat�rio de pesquisa para os historiadores. Le Goff revolucionou tanto o conhecimento sobre o per�odo quanto os m�todos hist�ricos, dando uma nova vis�o sobre a �poca: descobriu a modernidade de um per�odo considerado obscuro. O historiador lembra que o livro, as universidades, as cidades, o rel�gio, a tortura, a raz�o de Estado, entre outros, s�o inven��es medievais cultivadas na era contempor�nea.
Nesta obra, Le Goff d� �nfase ao intelectual, captado num preciso campo de observa��o � as cidades francesas entre os s�culos XII e XIII �, e a quem chama de �vendedor de palavras�. Apresenta primeiro a revolu��o urbana, que permitir� a emerg�ncia das universidades abertas e cosmopolitas, em oposi��o �s escolas mon�sticas.
� nas ruas movimentadas, nas �catedrais de saber�, nos debates que surgem os intelectuais. Leigos e religiosos desfrutam de uma evolu��o escolar. Artes�os da ci�ncia e do conhecimento passam a integrar as corpora��es de mestres e estudantes, ou seja, as nascentes universidades. Elas significam uma forma pioneira de ascens�o social, antes restrita ao nascimento ou � riqueza. Jovens burgueses e camponeses investiam o que tinham de melhor em exames.
Le Goff destaca e estuda, ent�o, quatro destes intelectuais cujas opini�es, manifestadas em conjunturas espec�ficas beiraram a heresia. S�o eles Abelardo, Tom�s de Aquino, Siger de Brabante e Wyclif.
Ao definir o trabalho feito por intelectuais na Idade M�dia como �a uni�o, no espa�o urbano e n�o mais mon�stico�, da pesquisa e do ensino, Le Goff finaliza seu livro discutindo a aristocratiza��o da universidade, o div�rcio entre a raz�o e a f�, a chegada da pol�tica e do humanismo e, finalmente, a sofrida ruptura entre a ci�ncia e o ensino. Ao final do per�odo estudado, o contato com as massas, uma das obriga��es fundamentais do intelectual, foi rompido.
Jacques Le Goff, 79 anos, � historiador, especialista em mundo medieval. Faz hist�ria avidamente, metodicamente, �como um ogro que consegue farejar carne humana�, disseram-lhe gentilmente seus colegas. O apetite dele apareceu aos 12 anos, lendo Ivanho�. Herdeiro da Escola dos Annales, artes�o da �nova Hist�ria�, que se interessa pela vida cotidiana e pelas mentalidades, partid�rio do estudo do longo prazo, Jacques Le Goff recuperou a nobreza da Idade M�dia, que seus predecessores consideravam como um per�odo negro, um obscuro par�ntese da Hist�ria. Para ele, esse per�odo foi, ao contr�rio, o cadinho de nossa sociedade moderna, um fervilhamento de vida. � autor de v�rias obras, entre elas �Pour um autre Moyen Age�.
Mary Del Priore
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