Cataguases e a Modernidade |
Gilmar Moreira Gon�alves
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No in�cio, do s�culo XX, a produ��o art�stica e liter�ria brasileira conheceu uma fase de renova��o e efervesc�ncia. Essa reviravolta cultural, caracterizada pelo rompimento com as velhas estruturas art�sticas e a cria��o de novos modelos e perspectivas, era um reflexo das transforma��es que ocorreriam no pa�s, particularmente na regi�o Sudeste.
Era o inicio do Modernismo Brasileiro, por volta de 1912, mas seu coroamento e a afirma��o se deram com A Semana de Arte Moderna, realizada em fevereiro de 1922, no Teatro Municipal de S�o Paulo.
Organizada por um grupo de intelectuais, tinha como objetivos apresentar, explicar e justificar a nova tend�ncia art�stica e liter�ria. A ousadia dos trabalhos e o vanguardismo das formas e tem�ticas tinham a instru��o de chocar a conservadora burguesia paulistana.
A semana acabou realizando seu prop�sito. Incomodou, mexeu com os valores e gostos das pessoas, divulgou as novas tend�ncias, ganhou admiradores e adeptos. A repercuss�o foi enorme. Marcou uma era e iniciou os novos tempos da cultura brasileira.
Em Minas Gerais essa viagem come�ou a partir da esta��o de Cataguases, colocando nos trilhos da nova era a locomotiva de sua literatura, que viria a comboiar suas artes pl�sticas, sua arquitetura, seu cinema e seu "design".
Tudo aconteceria na pacata cidade da Zona da Mata Mineira a partir de 1927. As artes de Humberto Mauro e Pedro Comello � cinema e fotografia � fizeram os habitantes de Cataguases se transformarem em atores, e as ruas em cen�rio. O pioneirismo desse cinema fizera a cidade figurar em publica��es nacionais como a revista Cinearte tornando Eva Nil (Eva Comello), estrela do Cinema Nacional.
No quarteir�o seguinte, Ros�rio Fusco, Enrique de Resende, Francisco In�cio Peixoto, Guilhermino C�sar , Asc�nio Lopes, Ant�nio Martins Mendes, Camilo Soares, Oswaldo Abritta e Chirst�foro Fonte Boa faziam a Revista Verde ganhar o Brasil e a Am�rica Latina. Circulou num total de 6 n�meros. Essa publica��o, com um trabalho de grande criatividade e apoio de nomes como M�rio de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e outros, entrou para a Hist�ria da Literatura Brasileira. Os ases, assim chamados por Oswald e M�rio de Andrade, lan�aram a revista, editaram livros, redigiram cr�nicas e poesias para outras publica��es modernistas.
No in�cio dos anos 40 do s�culo XX, come�avam a surgir as primeiras experi�ncias com a arquitetura moderna na cidade, no mesmo momento em que esta se afirmava no Brasil e se definia com uma linguagem pr�pria que a destacaria no panorama da produ��o industrial. Tudo isso se deve principalmente ao esfor�o pessoal do escritor e industrial Francisco In�cio Peixoto.
No espa�o de uma d�cada constituiu-se em Cataguases um acervo arquitet�nico not�vel, ampliado na d�cada de 50 por in�meras outras realiza��es. Em sua concretiza��o participavam arquitetos de primeira grandeza no quadro da nova arquitetura, como Aldary Toledo, Carlos Le�o, Francisco Bolonha, Fl�vio Aquino e Edgar do Valle, al�m de seu maior expoente, Oscar Niemeyer.
Cataguases tamb�m guarda importantes contribui��es de artistas pl�sticos de ineg�vel quilate como C�ndido Portinari, Djanira, Paulo Werneck, Bruno Giorgi, Emeric Marcier, Jan Zach , o designer de m�veis Joaquim Tenreiro e o paisagista Burle Marx . A articula��o entre estes profissionais permitiu que a arquitetura modernista fosse expressa em sua plenitude, formando um harmonioso conjunto com o paisagismo e as artes pl�sticas. Parte desse acervo pode ser observado ao ar livre em muitos pr�dios p�blicos e resid�ncias particulares.
Bibliografia
Minas Gerais (Estado). Secretaria de Estado da Cultura. Prefeitura Municipal de Cataguases. Cataguases, um olhar sobre a modernidade. Belo Horizonte: IBPC, 1994.
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