A import�ncia do latim |
Jos� Geraldo Vidigal de Carvalho
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O latim foi a l�ngua do poderos�ssimo Imp�rio Romano. Ca�do em desuso, foi sempre estudado na Europa, por exemplo, na Alemanha, na Fran�a, na B�lgica, Holanda, �ustria, Hungria, It�lia, e tamb�m nos Estados �nicos. Na Escandin�via tamb�m sempre houve grandes centros de estudos do latim. No Jap�o � mat�ria obrigat�ria no Curso de Letras.
Hermite, grande matem�tico franc�s, afirmou que o latim � �l�introduction la plus directe et la plus eficace � l��tude des mathemtiques� � a introdu��o a mais direta e a mais eficaz para o estudo das matem�ticas. O motivo � justo, pois o latim ensina a pensar e a raciocinar e, em si mesmo �, excelente exerc�cio intelectual. � a base de qualquer forma��o human�stica digna de tal nome. Sem o latim � imposs�vel uma boa forma��o jur�dica, pois sem ele s� deficientemente chegariam os juristas a compreender a Celso, Papiniano, Ulpiano e outros. Importante para os m�dicos, pois a ci�ncia m�dica est� recheada da nomenclatura grega e latina. O mesmo se diga da Qu�mica, da Geometria, da Bot�nica da Entomologia, da Filosofia, da Psicologia, da Sociologia, da Biotipologia, da Pediatria, da Microbilogia, enfim, de todas as ci�ncias naturais.
No seu vigor, na sua admir�vel precis�o, no seu laconismo, na sua aptid�o para sintetizar e concentrar o pensamento, ela possui a eleva��o e o poder reunidos. Sem latim n�o h� cultura human�stica. Para o conhecimento da l�ngua p�tria � de vital necessidade. Estudo cient�fico da filologia sem o latim � imposs�vel. Todos os grandes cl�ssicos de que merecidamente se gloriam Portugal e o Brasil foram grandes cultores da l�ngua de Virg�lio.
Os antigos sabiam bem latim e escreviam �timo portugu�s. Hoje se sabe muito ingl�s, mas se escreve um p�ssimo vern�culo. A decad�ncia no falar e no escrever o portugu�s coincidiu com a retirada do latim das Escolas. O estudo aprofundado do latim, disciplina o esp�rito e lhe aumenta o vigor, constitui s�lido fundamento da mais aprimorada educa��o intelectual e leva a se expressar num vern�culo escorreito no qual o reto uso dos termos expressam magnificamente o pensamento.
Nossa l�ngua tem suas mais resistentes ra�zes encravadas na l�ngua latina. H� dezenas de milhares de palavras derivadas de nomes latinos. Um bom professor de L�ngua P�tria deve necessariamente dominar o latim. Uma quest�o que geralmente se p�e � esta: porque o latim saiu de uso ou desapareceu como l�ngua viva falada em comunidades ling��sticas? � que com o tempo as l�nguas rom�nicas consolidaram-se e o latim saiu de uso, s� sendo empregado desde ent�o como l�ngua especial liter�ria e cient�fica at� o s�culo XVIII.
O Per�odo �ureo do latim com norma ling��stica definida, firme disciplina gramatical e literatura rica e expressiva estende-se do s�culo II a C. ao s�culo I d. C. � o per�odo cl�ssico, �poca em que se estabeleceu uma distin��o entre o latim cl�ssico e o latim vulgar, usado pelo povo e nos escritos sem fei��o liter�ria. Foi esta a linguagem que serviu de base � diferencia��o rom�nica e caracterizava-se pela redu��o, com o tempo, do sistema de flex�es, emprego de termos populares e cria��es anal�gicas, altera��o das regras e conven��es da sintaxe, tend�ncia para o emprego da ordem direta, aparecimento de altera��es e redu��es fon�ticas.
Hoje, felizmente, os Cursos de Letras das Universidades brasileiros est�o dedicando um interesse peculiar para o estudo desta l�ngua imortal. Nos Semin�rios ou Institutos Eclesi�sticos nunca se deixou de se estudar a fundo a l�ngua de C�cero e Virg�lio. Se amar a l�ngua p�tria � um ato de civismo, estudar o latim � fazer com que �a �ltima flor do L�cio� seja cultivada com aquele primor que merece este formoso idioma p�trio.
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