Tiradentes e a bandeira da Conjura��o |
Jos� Geraldo Vidigal de Carvalho
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Quem prop�s o tri�ngulo para a bandeira da nova rep�blica idealizada pelos conjurados de 1789 foi Tiradentes. O Alferes Joaquim Jos� da Silva Xavier nutria profunda devo��o para com a Sant�ssima Trindade. Os documentos da �poca e abalizados historiadores mostram como foi sua inten��o enfocar o mist�rio trinit�rio. No auto de perguntas a ele dirigidas se registra este t�pico: �E falando ele respondente, em que a nova Rep�blica que se estabelecesse devia ter bandeira disse que, como Portugal tinha na suas armas as cinco chagas, devia a nova Rep�blica ter um tri�ngulo, significando as tr�s pessoas da Sant�ssima Trindade [...]�
No auto de perguntas ao Coronel Ign�cio Jos� de Alvarenga Peixoto se constata que este n�o estava certo em casa de quem surgiu a conversa sobre as bandeiras, �que o Alferes Joaquim Jos� da Silva Xavier tinha ideado para servirem na nova premeditada Rep�blica, que eram tr�s tri�ngulos enla�ados em comemora��o da Sant�ssima Trindade [...]�
No auto de perguntas a �lvares Maciel se verifica que �o Alferes Joaquim Jos� da Silva Xavier [...] tinha ideado o modo da bandeira, que haviam de ser tr�s unidas em uma (sic) significando as tr�s Pessoas da Sant�ssima Trindade [...]�. Na reflex�o pr�via que antecede a �Mem�ria do �xito que teve a conjura��o de Minas [...]� h� neste trecho referente a Tiradentes:
| Atestam os religiosos franciscanos e entre eles os de melhor autoridade, testemunhas oculares de todos os fatos da cadeia, que este homem se mostrava convencido da gravidade de seus pecados [...] Quando se tratava com ele de oferecer a morte como sacrif�cio a Deus, apressava-se, e era necess�rio det�-lo; quando se lhe dizia que aquilo era o tempo precioso e os bons instantes necess�rios para amar a Deus, detinha-se e nisso se empregava. Confessando o inef�vel mist�rio da Trindade, transportava-se e aproximando-se � forca pediu que s� nele falassem. |
Dos ��ltimos momentos dos Inconfidentes de 1789 pelo frade que os assistiu de confiss�o� esse trecho:
| Consta da senten�a que os infames cabe�as da revolu��o queriam levantar uma rep�blica livre e independente, cuja capital seria a vila de S�o Jo�o del Rei, a sua bandeira teria por armas tr�s �ngulos em alus�o � Sant�ssima Trindade, cujo mist�rio era da maior devo��o de Tiradentes, se bem que ao r�u Alvarenga parecia mais pr�prio o emblema seguinte: Um �ndio quebrando as cadeias com a letra Libertas quae sera tamen�. |
A estas fontes prim�rias aditem-se as declara��es de historiadores de comprovada compet�ncia. Ernesto Ennes, da Academia Portuguesa da Hist�ria e do Instituto de Coimbra, assevera: �Decidiu-se sobre a Bandeira que �Tiradentes� prop�s ter por s�mbolo um tri�ngulo, em honra da SS. Trindade�. L�cio Jos� dos Santos assim se expressou: �Quanto �s armas da Rep�blica, Tiradentes prop�s e foi aceito o tri�ngulo, representando a SS. Trindade de que era ele especialmente devoto�. Joaquim Norberto de Souza e Silva diz que a quest�o da bandeira da Conjura��o foi tratada na casa de Cl�udio Manoel da Costa, quando �prop�s o alferes Joaquim Jos� que se tomassem por s�mbolo tr�s tri�ngulos entrela�ados em comemora��o da Sant�ssima Trindade�. Fritz Teixeira de Salles tamb�m afirma que �a bandeira seria um tri�ngulo, inspirado no s�mbolo religioso da Sant�ssima Trindade, devo��o predileta de Tiradentes�. Oiliam Jos� escreveu: �Quanto � bandeira para o novo pa�s com que todos sonhavam, aceitou-se, em princ�pio, a significativa sugest�o de Tiradentes no sentido de que ela tivesse um tri�ngulo em honra da Sant�ssima Trindade, embora Alvarenga divergisse disso e outros circunscrevessem seu desacordo � escolha do d�stico destinado a figurar no futuro s�mbolo nacional�.
In�meros outros depoimentos poderiam ser arrolados, como os de K. Maxwell, Jos� Pedro Xavier da Veiga, David Carneiro, todos un�nimes a declararem ser uma homenagem ao mist�rio trinit�rio o tri�ngulo da bandeira idealizada pelos Conjurados de 1789 por iniciativa de Tiradentes. Ao ensejo do dia 21 de abril tal importante aspecto n�o pode ser olvidado, pois revela a mentalidade c�vico-religiosa do protom�rtir da independ�ncia brasileira.
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