As li��es da crise |
Jos� Geraldo Vidigal de Carvalho
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O epis�dio grotesco proporcionado pelo Senado Federal, �nico nos anais do parlamento brasileiro, deve for�osamente servir de muitas li��es para a popula��o deste pa�s, inclusive, � claro para os pol�ticos. Em primeiro lugar, o problema s�rio da mentira. Os jornais fizeram um bem imenso ao colocar em colunas o que o mesmo personagem disse antes e depois, numa calamitosa incoer�ncia. Uma coisa � a restri��o mental que � v�lida, ou seja, uma resposta evasiva a uma pergunta impertinente, ou uma afirmativa vaga que n�o induz a nenhum preju�zo a outrem, outra coisa � agredir violentamente a veracidade. Rui Barbosa explica bem o caso: �A necessidade profissional pode autorizar o patrono de uma causa a n�o expender a verdade toda: o que se lhe n�o permite � afirmar o contr�rio da verdade�. O ilustre jurista dizia ent�o que �a boca da mentira p�blica � uma sentina�, acrescentando que �os l�bios que mentem matam a consci�ncia�. Agostinho de Hipona foi taxativo: �Negar a verdade � um adult�rio do cora��o�. Interessante � o que a Comiss�o de Liberdade de Imprensa da Universidade de Chicago decretou: �Do ponto de vista moral, pelo menos, a liberdade de express�o n�o inclui o direito de mentir deliberada e sistematicamente�. � isto que alguns pol�ticos n�o compreendem. Muito bem se expressou Jovellanos: �Se alguma coisa sobre a terra merece o nome de felicidade � aquela �ntima satisfa��o, aquele �ntimo sentimento moral resultante do emprego de nossas faculdades na indaga��o da verdade�. Proclamou Romain Rolland: �Justi�a e verdade s�o os primeiros deveres do homem�. Tommaseo num momento de pulcra inspira��o asseverou: �A verdade � como a luz: una e v�ria; e como a natureza: una e fecunda; e como Deus: una e imensa�.
Al�m disto, � preciso mudar. Ap�s o mea culpa do Senador Arruda, este recebeu o elogio do Mandat�rio Supremo da Na��o. O Governador de Minas Gerais foi duro ao comentar a declara��o do presidente, em socorro ao seu ex-l�der no Senado: �Soa-me estranho e incompreens�vel considerar o discurso corajoso e digno, buscando-se mascarar um ato ign�bil�. Tem fundamento esta cr�tica do atual governante mineiro, porque j� dizia Jean Baptiste Massilon: �Toda transa��o entre a mentira e a verdade � sempre feita em detrimento da verdade�. O culto da verdade deve imperar sempre e tinha raz�o Madame de Sevign� ao declarar que �em todos os g�neros a verdade �, ao mesmo tempo, o que h� de mais sublime, de mais simples, de mais dif�cil e, entretanto, de mais natural�.
Cultivar o senso do verdadeiro � aprimorar o g�nero humano. Em todos os partidos h� bons e maus pol�ticos. H� aqueles que, inclusive, discordam dos rumos que seus atuais l�deres d�o ao Brasil. A quest�o, portanto, � saber fazer a triagem independentemente das fac��es, mas se refazendo, isto sim, a an�lise de perspectivas mais fagueiras para o pa�s. � necess�rio cobrar isto de alguns homens p�blicos, embora, felizmente, a maioria ostente a nobreza de car�ter.
Outra verdade que precisa n�o seja camuflada � a imperiosa necessidade de se acabar uma vez por todas com a corrup��o. Assusta, realmente, o montante do dinheiro p�blico que tem sido desviado: bilh�es de d�lares! Este mal n�o se combate com frases de efeito, mas com uma atua��o decidida, franca. Opera��o abafa tem que ser definitivamente afastada, pois os males que traz � muito maior do que qualquer a��o seja de que CPI for!
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