Atualizado em 25 de mar�o de 2004
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Ensaios e Artigos

A raz�o do mais poderoso


Jos� Geraldo Vidigal de Carvalho

A na��o ficou estarrecida diante das manobras pol�ticas para impedir a CPI da Corrup��o. Aspectos essenciais da quest�o correm o risco de ficarem obnubilidados diante da celeuma causada em torno do problema. O fisiologismo governamental � �bvio. Este �ngulo foi bem captado por jornalistas clarividentes: �Ao aceitar o jogo de negocia��es, o governo acabou envolto num balc�o de neg�cios. Deputados pediram anistia na Receita Federal, concess�es de r�dio e televis�o, cargos p�blicos e libera��o de emendas. Houve den�ncias de que deputados federais e senadores receberam amea�as e promessas de vantagens para retirar as assinaturas�. Filipe da Maced�nia, pai de Alexandre Magno j� dizia que �n�o h� fortaleza que resista a um muar carregado de ouro�. Certo deputado federal foi logo dizendo que recuaria no seu voto a favor da limpeza �tica do pa�s: �porque o governo estava liberando verbas para 80 munic�pios de sua regi�o� (sic). Inacredit�vel, se n�o estivesse relatado este lament�vel pronunciamento na primeira p�gina de um dos grandes e insuspeitos jornais desta sofrida na��o.


O dinheiro fala mais alto que os interesses nacionais que clamam para que se d� um basta � corrup��o! � um absurdo! Em que planeta estamos? E pensar que a tropa de choque do Rei foi colocada em a��o promovendo outras barganhas! O que se esquece hoje na Terra de Santa Cruz � que os valores morais v�o sendo massacrados. A juventude brasileira est� sendo contaminada por atitudes deprimentes. Ap�s assistir no Senado Federal um campeonato de mentiras, o espet�culo constrangedor de alguns homens p�blicos que t�m medo da Verdade! Tudo isto significa que as elei��es de 2002 j� est�o com cartas marcadas, pois as verbas v�o rolar, os conchavos ser�o feitos de acordo com os interesses partid�rios e, mais do que isto, segundo o favorecimento pessoal daqueles que se submetem ao poder do vil metal. N�o h�, de fato, um planejamento global para o pa�s. As verbas s�o distribu�das segundo o crit�rio das conveni�ncias moment�neas!


O referencial � a manuten��o do status quo. Certo Senador asseverou que ele estava sendo marginalizado porque n�o era rico, n�o era empres�rio e, portanto, n�o tinha influ�ncia! Montaigne j� avisara: La raison de plus fort est toujours la meilleure - a raz�o do mais forte � sempre a melhor. Entretanto, cumpre n�o ensarilhar as armas. O Brasil conta com cientistas sociais do mais alto gabarito que n�o se deixam corromper nem t�m receio de lutar a favor do povo, desmascarando as ins�dias dos donos do poder. H� pol�ticos probos que n�o se deixam macular perante as propostas mais indignas. A popula��o, um dia, deixar� de ser massa de manobra da elite dominante, porque aos poucos os meios de comunica��o social v�o formando um senso cr�tico que ser� um ar�ete que conseguir�, mais hora, menos hora, arrombar as fortalezas dos poderosos.


Resta tamb�m a esperan�a de que aqueles parlamentares que se deixaram instrumentalizar n�o recebam mais o sufr�gio de seus eleitores. As listas com os nomes de todos aqueles que traem os interesses maiores dos marginalizados, dos que est�o jogados no pauperismo, devem mesmo ser publicadas para que se conhe�am os verdadeiros patriotas. Cumpre a revolu��o pelo voto consciente, para que uma nova ordem s�cio-econ�mica seja instaurada neste Brasil que est� ref�m daqueles que s� cuidam de seus interesses menores.


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