Brasileiros na Europa |
Jos� Geraldo Vidigal de Carvalho
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Quem acompanhou atentamente os discursos do presidente do Brasil no seu tour pela Europa deve ter percebido o paradoxo de tantos pronunciamentos, uma vez que uma era a vis�o dada ao mundo sobre este pa�s e outra a realidade vivida pelo mesmo. � s� comparar o que alguns notici�rios diziam ser uma viagem prodigiosa a encantar as plat�ias do Velho Continente com a publica��o dos jornais brasileiros sobre as ocorr�ncias aqui. L� se dizia que um governo maravilhoso, inigual�vel, inconfront�vel endireitara os rumos da na��o, no Brasil Universidades paradas h� meses e cidad�os, como Wiliam Oliveira Junqueira, a denunciarem: �Educa��o, uma l�stima, sa�de, um sofrimento s�; seguran�a, para os delinq�entes de todas os matizes e colarinhos; inseguran�a para o cidad�o honesto que se tranca atr�s das grades de sua casa; transporte, entre trancos e barrancos; estradas, um buraco s�; energia, de apag�o em apag�o [...]� . O douto Aureliano Chaves a proclamar: �Este governo imp�s o pior tipo de arca�smo que pode atingir um pa�s. Faz�-lo retroceder no conceito de na��o�.
Em plagas europ�ias, entretanto, se afirmava que nunca houve no Brasil governo mais afinado com a modernidade. Ao lado disto, o orgulho tupiniquim: �Tomei caf� da manh� com o Tony [...] o Clinton veio para um drink comigo e com o Blair�, como se isto resolvesse os grandes males que carcomem �o gigante pela pr�pria natureza�.
Cutucando le�es com vara curta, at� o sistema de preven��o policial nos EUA foi duramente criticado. � o que diz o ditado: �calo d�i no p� alheio�. Como n�o haver medo, temor neste mundo desalmado que destr�i pr�dios e faz v�timas inocentes como as de 11 de setembro e agora espalha o antraz? A manchete foi esta: �FHC critica decis�o americana de restringir liberdades individuais�. O que n�o emana da prud�ncia � ato de temeridade e os americanos t�m que tomar precau��es urgentes e n�o podem aceitar receitas inoportunas de quem se julga palmat�ria do mundo. O governo americano tinha mesmo que criar for�a-tarefa antiterror, tem que aumentar as restri��es na emiss�o de vistos para estudantes e tentar por todos os modos impedir a entrada de pessoas envolvidas com atividades terroristas no seu territ�rio. A pr�pria popula��o deseja outras medidas de prote��o. � f�cil trombetear com oportunismo atrav�s de frases de efeito, num momento turbulento como este que vive o mundo, dif�cil � ser outro Rui Barbosa, por sinal um bom baiano, e se tornar a �guia de Haia!
Se � verdade que em Paris FHC fez uma exposi��o que agradou a toda a plat�ia, foi porque ele falou exatamente o que as esquerdas francesas queriam ouvir, mas, no mesmo dia 31 de outubro em que se publicava nos jornais o que ocorrera na Assembl�ia Nacional da Fran�a, o sempre corajoso e coerente Estado de Minas denunciava em artigo de fundo: �Governo FHC recusou-se a reajustar a tabela do IR de acordo com a infla��o acumulada no per�odo, o que significa, na pr�tica, um procedimento ileg�timo. Tratou-se, na verdade, de simples expropria��o dos parcos valores auferidos por quem vive de sal�rios, pass�vel de julgamento por uma Justi�a isenta�.
Verdade seja dita: o presidente � brilhante em fazer m�dia nos audit�rios fora do Brasil, mas sua administra��o � sombria dentro dos lindes p�trios. Resta, por�m, saber como os EUA, duramente, criticados na Fran�a, responder�o � arrog�ncia ir�nica com que foram tratados. N�o ficaram muito claras, al�m disto, quais as condi��es de ades�o do Brasil � Uni�o Europ�ia. Martelar o Tio Sam virou moda e nela entrou o salvador da Am�rica do Sul.
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