Atualizado em 16 de janeiro de 2004
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Ensaios e Artigos

O jogo pol�tico


Jos� Geraldo Vidigal de Carvalho

O suceder dos fatos em cada semana mostram claramente como h� toda uma manobra pol�tica por detr�s de tantos pronunciamentos e medidas adotadas. Com not�vel espalhafato a suspens�o do racionamento de energia foi feito e o governo soube explorar, demagogicamente, um evento que foi fruto, exatamente, de uma indesculp�vel inc�ria, como os meios de comunica��o social abertamente tinham denunciado.


Pessoas esclarecidas lan�aram agora uma �cruzada nacional contra os juros altos�. Diz o texto:


� que vivemos em um Pa�s de extremas contradi��es: se um cidad�o empresta seu dinheiro a juros de 2, 3 ou 5% � logo considerado, sem piedade ou d�vida, agiota . Entretanto, sob o apan�gio da legalidade, Bancos e outras Institui��es Financeiras vivem a ganhar rios de dinheiro com empr�stimos a juros bem mais elevados - escorchantes mesmo - convivendo com lucros exorbitantes.


Depois de mostrar o lucro fabuloso dos Bancos e Institui��es Financeiras acrescenta algo impressionante a referida nota: �Vale lembrar o fato do cidad�o que depositou R$ 100,00 na Caderneta de Poupan�a no dia do lan�amento do real e hoje tem como resultado R$ 374,00. Por outro lado, se esse mesmo cidad�o tivesse sacado os mesmos R$ 100,00 de seu Cheque Especial teria hoje uma d�vida de R$ 139 259,00�. Portanto, �n�o se necessita de mais argumentos para concluir-se que n�o podemos deixar de iniciar um protesto forte e incans�vel contra essa situa��o para l� de impiedosa, in�qua e mesmo esdr�xula�.


O que muitos patr�cios n�o sabem � que �nossas autoridades n�o podem continuar buscando justificativas esfarrapadas para esse quadro ca�tico, pois o Pa�s gasta anualmente R$ 300 milh�es com juros da d�vida, metade do or�amento federal�. Pois bem, dia 21 os jornais anunciaram que a taxa de juros havia ca�do um pouco. O governo havia reduzido a taxa b�sica de juros da economia de 19% para 18,75 %, taxa ainda alt�ssima. A triste realidade, entretanto, � que, como explicava uma das manchetes de um grande jornal: �Redu��o n�o vai ter impacto imediato no bolso do consumidor�.


O que vai mesmo afetar o contribuinte � o que tamb�m foi noticiado no mesmo dia: �CPMF estar� em vigor at� 2004�. Governo que n�o sabe administrar apela mesmo para os impostos. Raz�o t�m not�veis professores universit�rios, os quais, com pertin�ncia e sabedoria, v�m mostrando os equ�vocos do atual governo. A verdade � que o povo precisa ficar atento � sutileza dos mecanismos de concentra��o de riqueza e aumento da pobreza. Deste desn�vel s� pode resultar mais domina��o. Cumpre a percep��o cr�tica e real das dist�ncias entre ricos e miser�veis as quais crescem em virtude das tramas que envolvem os bastidores do poder.


A acelera��o dos controles sociais n�o permite, tantas vezes, captar os estratagemas empregados. N�o � f�cil a percep��o clara da realidade em que se vive. H� uma amputa��o estudada dos elementos que permitam uma reflex�o exata do que ocorre e at� fracassos servem para impor a id�ia de triunfos! Estabelece-se mesmo um dilema irreal: ou fica como est� ou o pa�s imergir� no caos, isto �, nenhum partido da base do governo deveria ter candidato pr�prio, pois o Pr�ncipe j� ungiu o seu eleito e a oposi��o est� de antem�o liquidada! � um reducionismo alarmante. � uma vis�o t�pica dos deturpadores da hist�ria que dividem tudo entre o bem e o mal, julgando-se eles os defensores da luz, pois o resto est� nas trevas da ignor�ncia das batatadas! Da� o bloqueio das raz�es dos que querem mudar para melhorar. O que se almeja, na pior das hip�teses, caso as for�as renovadoras logrem o triunfo nas urnas, � que se deixe aplainado o caminho para o surrado slogan: �Ele voltar�, pois deixou o governo nos bra�os do povo�. Pobre povo, sempre massa de manobra�!


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