A hist�ria de Israel Antigo |
Elisabete Gon�alves
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Para n�s, o que a Hist�ria tem de fascinante � esta incomensur�vel possibilidade oferecida de sermos eternos viajantes do tempo a povos e lugares que, de algum modo, captaram a nossa aten��o. Mas esta visita ao castelo da Bela Adormecida n�o � finita. A historiografia permite-nos sempre, com os seus avan�os, um �revisitar� do mesmo �local� para nos apercebermos de novas pedras neste mosaico maravilhoso que � o conhecimento hist�rico. Este despretensioso ensaio sobre a civiliza��o hebraica significou exatamente isto para mim. De fato, a �hist�ria de Israel� est� mudando e a seq��ncia apresentada neste ensaio tem sido j� questionada. Todavia pensamos que a solu��o tem de ser de consenso. Pois se � bem verdade que o texto b�blico n�o pode continuar a ser tido como verdade absoluta, se � verdade que tem que ser confrontado com as fontes arqueol�gicas e que tem que ser tida em conta a hist�ria dos povos circundantes para a constru��o de uma hist�ria de Israel que seja cada vez mais �hist�rica� e n�o somente �b�blica�, n�o podemos de forma alguma descurar a import�ncia dos escritos b�blicos.
Tendo como pressuposto o que atr�s anunciamos, o texto que oferecemos ao leitor � uma vis�o da hist�ria de Israel.
Nos desertos vizinhos ao Tigre e ao Eufrates deambulavam povos n�mades, sustentados por numerosos rebanhos, acampando em tendas. Organizavam-se em tribos, cada uma constitu�da por numerosas fam�lias descendentes de um antepassado comum. Algumas dessas tribos instalavam-se por per�odos longos perto das zonas cultivadas ou pr�ximas de �gua, passando a um modo de vida semin�made. Entre estas tribos, origin�rias, segundo se cr�, da Mesopot�mia, encontrava-se o povo hebreu, de origem semita, que era chefiado por patriarcas. Abra�o, patriarca dos Hebreus, conduziu o seu povo da cidade de Ur para Cana�, a Terra Prometida (Palestina e parte da Fen�cia).
Chegando � Palestina , regi�o compreendida entre a Mesopot�mia e o Egito, Abra�o e o seu povo, encontraram a� a oposi��o de outros povos . Esta regi�o era a liga��o terrestre por onde eram transportadas mercadorias entre as supracitadas, e ricas, civiliza��es. Por l� passaram tamb�m ex�rcitos poderosos como o mesopot�mico, o eg�pcio, o grego ou o romano. Este fato geogr�fico determinou o curso da hist�ria hebraica.
Cerca de 1700 a.C. v�timas da fome provocada pelas secas, deslocaram-se para o Egito sob o comando de Jac�. De fato, este reino fornecia melhores condi��es de sobreviv�ncia e a� viveram, segundo o relato b�blico, sobre a prote��o de (hebreu que havia conquistado as gra�as do fara� pelo seu dom adivinhat�rio e de interpreta��o de sonhos, mas tamb�m pela sua capacidade administrativa). Este homem era um dos filhos de Jac� que, tendo sido vendido como escravo pelos irm�os, acabaria, depois de muitas vicissitudes, ministro do fara�. Todavia a multiplica��o do povo judeu foi t�o significativa que o fara� reinante come�ou a temer que este se tornasse uma amea�a. Assim, estando h� cinco s�culos no pa�s eg�pcio, no reinado de Rams�s II (1301-1235 a.C.) , os Hebreus foram reduzidos � escravatura e transformaram-se nos verdadeiros obreiros de grandes obras dos fara�s. Existindo ainda nos dias de hoje pinturas murais que comprovam este fato. Este povo libertar-se-ia sob o comando de Mois�s. Este epis�dio � narrado na B�blia no Livro do �xodo. Este l�der, segundo o texto sagrado, tinha sido criado desde pequenino com um pr�ncipe, pela filha do fara�. Ap�s a sa�da do Egito a miss�o deste era conduzir os hebreus novamente � Terra Prometida. Depois de ultrapassadas as dificuldades em obter autoriza��o para sair do pa�s dominador, fizeram a dura travessia do deserto do Sinai que duraria cerca de quarenta anos. No Monte Sinai, Mois�s recebeu de Jeov� as T�buas da Lei, onde foram inscritos os Dez Mandamentos. Todavia, a B�blia diz-nos que Mois�s morre antes de entrar na Palestina.
A fixa��o na Palestina � vista de forma diferente pelos autores. De fato, a conquista deste territ�rio pelas doze tribos de Israel, comandadas por Josu�, como � contada no livro que leva o seu nome, tem o suporte de testemunhos arqueol�gicos respeit�veis (por exemplo, a destrui��o de importantes cidades de Cana� na segunda metade do s�c. XIII a.C.) que a consideram uma s�rie de conquistas lideradas por ju�zes (chefes militares) e por reis. Todavia, alguns autores a preferem cont�-la como sendo pac�fica e progressiva.
Na �poca dos ju�zes, os israelitas organizaram-se numa confedera��o de doze cl�s independentes unidas por um fator religioso, o pacto entre Deus e os homens ocorrido durante o �xodo.
| Foi um per�odo de adapta��o e consolida��o (s�culos XII-XI a. C.), sem coes�o pol�tica, estrutura estatal, ex�rcito, nem governos comuns, mantendo-se o antigo car�ter patriarcal. [...]. A confedera��o tribal debilitada pelas for�as que a acossavam e pelas pr�prias disputas internas, dificilmente sobreviveu neste per�odo. A crise perante o ataque dos filisteus evidenciou a necessidade de uma unidade pol�tica sob a id�ia mon�rquica (TOR�BIO, 1992, p.126). |
O primeiro rei foi Saul que gozou de grande popularidade, embora penasse de grande instabilidade emocional. Ao querer usurpar fun��es sacerdotais, faz com que Davi seja ungido. Ap�s vicissitudes v�rias Davi encontra-se no trono e procura assegurar a independ�ncia do seu povo. Mandou tamb�m realizar censos com fins fiscais. Fac��es havia pouco afeitas a esta id�ia de monarquia. Com o passar do tempo foi a vez de Davi lidar com rebeli�es.
Salom�o, apoiado pelas tropas mercen�rias daquele e pelo profeta Nathan, lutou durante longos anos at� vencer por completo os seus opositores. Conhecido pela sua grande sabedoria, Salom�o pautou sua a��o governativa pelos seguintes aspectos: organiza��o econ�mica do reino, fortifica��o de cidades (nomeadamente Jerusal�m), ativa a��o diplom�tica com outros Estados, constitui��o de alian�as atrav�s de matrim�nios. Neste reinado chega ao fim o per�odo tribal para emergir e solidificar-se a monarquia. Contudo, cresceram tamb�m as diferen�as sociais e uma economia mercantil e industrial. O com�rcio era monop�lio do rei, importando-se metais preciosos, madeiras finas, marfim. A agricultura n�o foi esquecida tendo-se incrementado a produ��o com a introdu��o do uso do arado de ferro. Deve-se a Salom�o o engalanar da cidade de Jerusal�m com um pal�cio e edif�cios administrativos e a constru��o do Templo. Neste desenvolveram-se a m�sica e a atividade liter�ria.
Morto Salom�o, abriu-se claramente uma crise. Dez tribos revoltaram-se contra o herdeiro leg�timo do trono, Robo�o, e fundaram a norte o reino de Israel que teve Samaria como capital. As tribos fi�is, de Benjamim e de Jud�, fundaram outro reino que guardou Jerusal�m como o principal centro. Com esta cis�o os Hebreus enfraqueceram, tendo sido primeiro invadidos pelos ass�rios, pelos babil�nios, pelos persas, pelos gregos e, mais tarde, foram incorporados no Imp�rio Romano.
Sem terra, iniciaram a Di�spora, espalhando-se pelo mundo em comunidades judaicas, tendo o seu Estado sido restabelecido somente no s�culo passado (1948, Estado de Israel). Atualmente Jerusal�m encontra-se dividida entre �rabes (a parte antiga da cidade) e a rep�blica de Israel (a parte nova). Esta � a cidade santa dos crist�os, dos judeus e dos mu�ulmanos. A maior influ�ncia sobre a esperan�a e o destino do g�nero humano, infelizmente demasiado flagelada por conflitos .
Refer�ncias
DAVIES, P.R., In: Search of �Ancient Israel�. Sheffield: Sheffield Academic Press, 1992.
SILVA, Airton Jos� da. Cadernos de Teologia, n.9, Campinas, ITCR da PUC, Campinas, 2001.
TOR�BIO, Manuel Cuenca (Dir.). Hist�ria Universal. Lisboa: Oceano, 1992. v.1.
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