Atualizado em 04 de novembro de 2003
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Biografias

D. Leopoldina

Gilmar Moreira Gon�alves


1. Nascimento e vida na �ustria

Nome: Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda Beatriz de Habsburgo-Lorena
Local e ano do nascimento: Viena - �ustria, 1797
Local e ano do falecimento: Rio de Janeiro, 1826


Pal�cio de S�o Crist�v�o, Rio de Janeiro, 11 de dezembro de 1826, uma jovem senhora de 29 anos, em meio a febre e del�rios se despede da vida. Morria chorando o amor que outra mulher lhe roubara. �Oh meu Pedro, oh meu querido Pedro�. Eram os �ltimos momentos de D. Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil. Figura sempre esquecida pela maior parte dos historiadores que quase n�o fazem men��o a sua participa��o no momento de emancipa��o pol�tica brasileira. Mulher de educa��o esmerada, � frente de seu tempo. Interessava-se especialmente por bot�nica e mineralogia. Sua delicadeza e o fino trato com as pessoas fizeram dessa mulher uma das personagens mais queridas do Brasil no in�cio do s�culo XIX.


Nascia a Arquiduquesa Carolina Josefa Leopoldina Francisca Fernanda Beatriz de Habsburgo-Lorena (no Brasil iria adotar os nomes de Leopoldina e Maria Leopoldina), no Pal�cio de Sch�nbrunn, �ustria, em de 22 de Janeiro de 1797. Sexta filha do segundo casamento de Francisco I, imperador da �ustria, e II da Alemanha (1768-1835) com Maria Teresa de Bourbon-Sic�lia (1772-1807). Seus pais eram primos-irm�os, ambos netos de Maria Teresa, a Grande (1717-1780), uma das maiores estadistas do s�culo XVIII.


Leopoldina cresceu junto com os irm�os, quase isolados do mundo. Possu�am diversos professores. Controlava, todavia, a pr�pria imperatriz todas as li��es dos filhos. Sua educa��o foi primorosa. Normalmente, n�o se exigia muito das princesas, bastava ensinar-lhes a costurar e bordar, al�m, claro, de boas maneiras e algumas aulas de piano. Mas n�o na casa dos Habsburgos. Ali, as mulheres tinham um n�vel cultural alt�ssimo. Desde pequena, Leopoldina foi submetida a um programa intensivo de aulas di�rias, adquirindo conhecimentos cient�ficos, pol�ticos, hist�ricos e art�sticos, al�m de aprender idiomas estrangeiros, especialmente o franc�s (LOPES, 1998. p.88).


Aos dez anos ficou �rf� de m�e. Um ano depois seu pai se casaria novamente com aquela que Leopoldina descreveria como a pessoa mais importante de sua vida, Maria Ludovica. Prima de Francisco I, como ele, neta de Maria Teresa, a Grande. Superava a defunta imperatriz em cultura e brilho intelectual, pois tivera uma educa��o esmerada. Musa e amiga pessoal do poeta Goethe, ela foi respons�vel pela forma��o intelectual da enteada, desenvolvendo na jovem o gosto pela literatura, a natureza e a m�sica de Haydin e Beethoven. N�o tinha filhos pr�prios, adotava de bom grado os da antecessora, e esses a chamavam de �querida mam�e�.

A morte da madrasta abalou Leopoldina em 1816. � tia Am�lia, irm� de sua m�e, Leopoldina escreveu: "[...] devo-lhe tudo que sou, ela demonstrou-me em todas as ocasi�es um amor e bondade verdadeiramente t�o tocantes que deveria ser acusada da mais negra ingratid�o, caso o meu cora��o fosse capaz de esquec�-la�. E o pr�prio Johann Wolfgang Von Goethe confessava em 1821: �Ainda n�o me refiz da morte da defunta imperatriz; � como se a gente desse pela falta de uma estrela principal que se acostumara a rever agradavelmente todas as noites� (OBERACKER JR, 1973. p.22).


Mais duas perdas fariam a tristeza de Leopoldina, essas n�o por morte mas por casamentos. Suas irm�s prediletas Maria Lu�sa (1791-1874), e Maria Clementina (1798-1881) estavam deixando a p�tria para se casarem pelo bem da Casa dos Habsburgos no trono da �ustria. A primeira cumpria uma dif�cil miss�o, casar com o inimigo n�mero 1 do trono austr�aco, Napole�o Bonaparte (1768-1835). O imperador franc�s amea�ava a �ustria caso n�o lhe dessem a Arquiduquesa Maria Lu�sa em casamento. O imperador Francisco relutava, mas para o bem geral da na��o concordou com o casamento. S� a av� materna da princesa, a rainha Maria Carolina das Duas Sic�lias, resmungou com a atitude do genro: �� justamente o que me faltava, tornar-me agora ainda av� do diabo� (OBERACKER JR, 1973. p.30). J� sua irm� Clementina teve que desposar seu tio Leopoldo das Duas Sic�lias. Leopoldina estava contente por n�o haver sido preferida pelo tio, �que sofria extraordinariamente do defeito da grosseria�: era al�m disso muito gordo - pesava 150 Kg - e bem mais velho que ela.

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