Atualizado em 19 de dezembro de 2003
PESQUISAR
 
 
 
 
  Indique o site
  Gostou do site? Então compartilhe com seus amigos.

 
  Parceiros
 
Desenvolva seu site conosco




Ensaios e Artigos

O ideal do s�culo XVIII preparou o mundo para o que ele � hoje


Jo�o Paulo Derocy C�pa

Todos temos em mente que somos hoje em dia, seres evolu�dos, em quase todos os aspectos. Seja do ponto de vista cient�fico, religioso, social e econ�mico. Temos em nossas m�os, mecanismos que outrora seriam inimagin�veis. Os avi�es de hoje em dia causariam um alarde na Idade M�dia semelhante ao fim do mundo. Os reis que dormiam em camas de palha e achavam que desfrutavam de um conforto fant�stico, n�o acreditariam nos confortos que uma pessoa pode possuir em seu lar, como a TV, o r�dio e tantas outras coisas que tornam a tarefa de sair de casa algo quase desnecess�rio, a n�o ser para trabalhar ou estudar.


Mas tudo isso teve um ponto de partida. Logicamente, desde o surgimento do homem, ele assistiu a v�rias transforma��es nos segmentos que permitiram o seu avan�o. Essas transforma��es nos meios de produ��o, sempre foram inerentes ao homem desde os prim�rdios. Mas num aspecto mais espec�fico, nenhum movimento social e ideol�gico teve um papel t�o importante para o nosso atual modo de vida, quanto o Iluminismo.


At� o s�culo XVII, o mundo ocidental vivia sob a tutela de seus reis e seus interesses, num modelo absolutista que colocava a lei divina como explica��o para todas as coisas. Realmente, se pensarmos bem, dessa forma � muito f�cil entender as coisas, pois tudo que acontecia era pela vontade de um ser superior, que dava ordena��o a todas as coisas, numa conjuntura em que se instalava uma sociedade de ordens que n�o dava �s classes mais baixas nenhuma forma de contesta��o, sob pena de heresia. O desenvolvimento cient�fico era duramente criticado, principalmente nos campos da qu�mica e f�sica, pois suas particularidades se opunham a uma suposta vontade divina. Principalmente a qu�mica, que visava a modifica��o de elementos e sua transforma��o em outros, o que para as mentes pensantes da �poca seria imposs�vel, pois o �nico que poderia mesclar e criar novas coisas era Deus.


A mente do homem at� o momento era uma mente voltada para o religioso, e � exatamente esse o ponto mais importante do pensamento que o Iluminismo modificou: a observa��o racional em detrimento do pensamento religioso. A observa��o das atividades da natureza e das suas transforma��es acabou levando o homem a tomar gosto e buscar desenvolver atividades cient�ficas. Come�ou-se a criticar o regime de governo absolutista, que pelo seu car�ter divino e centralizador, contrastava com o ideal de igualdade e liberdade que surgia com a burguesia. Essas mudan�as levaram a conseq��ncias dr�sticas e que mudaram a ordem mundial deste s�culo, e que dita algumas regras da nossa sociedade at� hoje. A cr�tica come�ou por esse n�cleo, que se desenvolveu a tal ponto, que veio a culminar com a id�ias liberais e democratas, que iam chocar-se com os ideais do Antigo Regime. Em decorr�ncia disso, cientistas pol�ticos e intelectuais do s�culo XIX desenvolveram teorias pol�ticas e econ�micas. Podemos citar os �rom�nticos� do s�culo XVIII como exemplo cl�ssico de movimentos que levaram essas id�ias liberais � frente, com fortes influ�ncias quanto a um conjunto de movimentos �contempor�neos� que surgiram com a Revolu��o Francesa.


O desenvolvimento cient�fico levou a profundas transforma��es em todos os seus campos. Na f�sica, a eletricidade teve um desenvolvimento impressionante, levando a inven��o da pilha el�trica e do p�ra-raios. A m�quina a vapor foi uma inven��o que revolucionou a ind�stria n�utica e a marinha de guerra. Outras ci�ncias, como a matem�tica, a astronomia, a qu�mica alcan�aram grandes inova��es e se firmaram como ci�ncia. Nas ci�ncias sociais, o direito e a hist�ria modificaram suas estruturas. No campo da hist�ria, as mudan�as foram significativas. Com Voltaire, a hist�ria narrativa dos grandes reinos, passou a inserir elementos integrantes de seus povos, como os costumes, cren�as e particularidades, passando a se tornar uma hist�ria narrativa das civiliza��es. Surgiu uma preocupa��o por parte da historiografia, em desenvolver m�todos para o tratamento do documento no estudo hist�rico. N�o se tratou de uma modifica��o a ponto de revolucionar o campo, mas uma preocupa��o em criar um m�todo com base cient�fica que desse alguma ordena��o ao estudo hist�rico. Tudo isso, numa atmosfera impregnada do cientificismo do s�culo XIX. Isso � um fato que n�o pode ser esquecido, pois constituiu um grande passo para o crescimento da hist�ria como ci�ncia, j� que com o cientificismo, pela primeira vez se criou uma metodologia para o estudo documental. Mas � bom lembrar que o documento nesse momento, ainda n�o perdeu seu �escudo indestrut�vel� de verdade absoluta e inabal�vel.


Quanto a economia, pode-se pensar o s�culo XVIII como sendo um intermedi�rio entre duas formas de capitalismo, uma transi��o entre o capitalismo comercial (mercantilismo) para o capitalismo industrial. N�o se pode pensar essa mudan�a sem falar da maior transforma��o ocorrida no s�culo XIX: a Revolu��o Industrial. Ela consiste na transforma��o das formas de produ��o, inserindo nela a m�quina, instrumento que vai come�ar o processo de automatiza��o da produ��o e o aumento do contingente de produtos, enchendo o mercado de produtos, e modificando bruscamente as rela��es comerciais de todo o mundo, essa revolu��o que se iniciou com a Inglaterra no s�culo XVIII e continuou no s�culo XIX com os Estados Unidos, Jap�o, Alemanha, Fran�a e outros.


As id�ias liberais, que pregavam a liberdade de com�rcio, e que foi defendida com unhas e dentes por diversos cientistas, como Adam Smith, foram bastante difundidas, aproveitando o advento dos novos conceitos de um modo de produ��o que estava se formando. Modo esse, que valorizava os desejos e anseios do ser humano, ou seja, a sua ambi��o, lux�ria e �necessidades� faziam parte do motor que girava a m�quina dos �sonhos� capitalista.


Dentro deste campo, n�o poderiam ser deixadas de lado, as id�ias de Karl Marx, do estudo das estruturas e que deixaram marcas fortes que inspiraram diversas correntes ideol�gicas econ�micas no mundo inteiro. Um exemplo que � importante ser citado � a corrente marxista inglesa, com Thompson e Hobsbawn como seus �cones, al�m de outros.


A partir deste momento, houve uma enorme necessidade de buscar novos mercados, quebrando com o sistema colonial (como foi o caso do Brasil do s�culo XIX, que abriu seu com�rcio para os produtos ingleses) e mudando a ordem econ�mica do Velho Continente e do restante do mundo. Partiu da� uma busca incessante de novos mercados e novas fontes de mat�rias-primas que criaram grandes rivalidades entre os Estados desenvolvidos que acarretou na Primeira Guerra Mundial (s�culo XX).


Tra�ando essa linha do tempo e abordando muito brevemente os acontecimentos mais importantes nesses per�odos, percebemos o quanto foi importante o s�culo XVIII para a forma��o da mente do homem para o s�culo XX e o in�cio do s�culo XXI, e mesmo com todo o advento das inven��es e a cria��o de novas rela��es econ�micas e sociais, as lembran�as que os homens de 1700 e 1800 nos deixaram ainda est�o muito fortes, mesmo que n�o nos lembremos delas.



Bibliografia

MACRIDIS, Roy C. Ideologias pol�ticas contempor�neas. Bras�lia: Universidade de Bras�lia, 1982.

CARDOSO. Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo. Dom�nios da Hist�ria. Rio de Janeiro: Campus, 1997.

MOUSNIER, Roland; LABROUSSE, Ernest. Hist�ria Geral das Civiliza��es: o s�culo XVIII. S�o Paulo: Difus�o europ�ia do livro, 1968. tomo V.

Envie esta página a um amigo


Versão para impressão


Comente este texto





O NetHist�ria acredita na multiplicidade de interpreta��es da Hist�ria e por isso, alguns textos podem apresentar an�lises contradit�rias.

As opini�es apresentadas s�o de total responsabilidade de seus respectivos autores. Os textos publicados pelo NetHist�ria podem ser usados como refer�ncia ou integralmente. Saiba como proceder para us�-los.

A utiliza��o das imagens veiculadas pelo NetHist�ria em outras publica��es n�o � permitida, pois elas pertencem a outras institui��es e o NetHist�ria n�o tem autoriza��o delas para permitir seu uso em outras publica��es.