Como se tornar arque�logo no Brasil * |
Pedro Paulo A. Funari
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1. Introdu��o**
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Para que se possa tratar da forma��o do arque�logo, � necess�rio, antes, definir a identidade do arque�logo. Em um contexto mais amplo, pode afirmar-se que o estudo da Arqueologia varia muito, em diferentes tradi��es universit�rias. Nos Estados Unidos, a maioria dos arque�logos � constitu�da de antrop�logos, j� que a Antropologia, normalmente, ali incorpora �reas como a Ling��stica e a Arqueologia. Isto significa uma forma��o b�sica em Antropologia, voltada para o estudo do outro, os antrop�logos estudando os �ndios vivos e os arque�logos os mortos. Nos pr�prios Estados Unidos, contudo, h� tamb�m arque�logos com outras forma��es, como � o caso dos arque�logos cl�ssicos, que estudam as civiliza��es grega e romana, cujo estudo liga-se �s letras cl�ssicas, � Hist�ria e � Hist�ria da Arte, em medidas variadas, segundo a tradi��o de cada institui��o. H�, ainda, os arque�logos oriundos da oriental�stica (egipt�logos, assiri�logos), dos estudos b�blicos (a chamada �Arqueologia B�blica�) ou das mais variadas disciplinas, como a Biologia ou a Geologia (cf. TAYLOR, 1948, p.11). A outra grande vertente produtora de arque�logos, a escola europ�ia, � ainda mais multifacetada. Em termos gerais, os arque�logos europeus, pr�-historiadores, classicistas ou medievalistas formam-se na tradi��o hist�rico-filol�gica de origem alem�. Em alguns centros, a Arqueologia � parte da Hist�ria da Arte, em outras relaciona-se � Hist�ria ou �s l�nguas, raramente fazem parte da Antropologia. Os brit�nicos foram os que levaram mais adiante a independ�ncia epistemol�gica da disciplina, criando diversos cursos de gradua��o em Arqueologia, exce��o tanto mais not�vel quanto, tanto na Europa como nos Estados Unidos, costuma-se reservar-se � forma��o em Arqueologia o car�ter de uma especializa��o, ap�s uma educa��o universit�ria mais gen�rica.
A forma��o do arque�logo no Brasil insere-se, pois, no contexto mais amplo esbo�ado. N�o h� uma �nica tradi��o acad�mica universal e tampouco, no Brasil, haveria que buscar uma unidade que alhures inexiste. N�o se pode, entretanto, fazer um balan�o da forma��o do arque�logo no pa�s sem analisar, ainda que brevemente, a Hist�ria da disciplina em nosso meio e o ambiente acad�mico no qual ela se desenvolve (FUNARI, 1997). A Arqueologia acad�mica brasileira � recent�ssima, o n�mero de arque�logos profissionais reduzid�ssimo e os centros de forma��o pouco numerosos. Al�m de descrever as vicissitudes da forma��o de arque�logos no Brasil, hoje, pretende-se contribuir para a discuss�o do seu aprimoramento, visando inserir a Arqueologia brasileira no �mbito mais amplo da Arqueologia mundial.
Notas
* Texto publicado na Revista USP, 44, 74-85, 2000; e Tornar-se arque�logo no Brasil, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, Porto, Portugal, 40, 3-4, 2000,117-131.
** O texto foi subdividido com a permiss�o do autor.
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