Envie este texto para um(a) amigo(a)
 

Livro: O que eu vi. O que n�s veremos
Autor: Santos Dumont
Editora: Hedra
Ano: 2000
N�mero de p�ginas: 147
Asas da humanidade
Os primeiros tempos da avia��o s�o registrados nas mem�rias e numa fotobiografia de Santos Dumont

Joana Monteleone

No ver�o de 1901, um elegante bal�o amarelo cruzava o c�u de Paris. Para espanto dos pedestres, o brasileiro Alberto Santos Dumont tentava dar uma volta completa ao redor da rec�m-inaugurada Torre Eiffel. Anos depois, em 1906, ele levantaria v�o num monoplano, o 14 Bis. Inventor genial e pacifista convicto, Santos Dumont suicidou-se em 1932, aos 59 anos, desiludido com a utiliza��o de avi�es nos combates, sobretudo da Primeira Guerra Mundial. Poucas vezes o aviador escreveu sobre a pr�pria contribui��o para a Hist�ria da humanidade. O recente relan�amento de um volume esquecido recupera o legado de Dumont. O que eu vi. O que n�s veremos saiu pela primeira vez no ano em que foi escrito, 1918. Em 1986, o Minist�rio da Aeron�utica lan�ou-o em pequena tiragem para uso interno. Agora, est� dispon�vel em todo o pa�s.
Com humildade, o autor registrou as aventuras a�reas do tempo em que morava em Paris. Narrou os suntuosos jantares com a nata da aristocracia da cidade no Maxim�s. Discorreu com simpatia sobre a amizade com o relojoeiro Louis Cartier. Mas descreveu sobretudo os primeiros passos da avia��o. A inf�ncia e a admira��o pelos livros de J�lio Verne (1828-1905), a descoberta dos leves motores a gasolina e a indescrit�vel sensa��o de conquistar os ares s�o os momentos mais fascinantes do relato.
O retrato desse homem elegante e destemido pode ser completado com a pequena fotobiografia da jornalista americana Nancy Winters, tamb�m rec�m-lan�ada. A autora defende a tese de que foi Alberto Santos Dumont o primeiro a fazer um v�o documentado. A afirma��o � pol�mica nos Estados Unidos, onde se acredita que foram os irm�os Wright os pioneiros na avi�o. �Eu n�o quero tirar em nada o m�rito deles; mas � ineg�vel que, s� depois de n�s, se apresentaram eles com um aparelho superior aos nossos...�, escreveu o brasileiro em suas mem�rias.
Dumont antevia as contribui��es da avia��o para o futuro da humanidade. �Prevejo uma �poca em que se far�o carreiras regulares de aeroplano entre as cidades sul-americanas�, ressaltava. A �nica coisa com que nem sequer ousou sonhar foi a travessia regular do Oceano Atl�ntico, completada em 1922 pelo americano Charles Lindbergh (1902-1974).
�poca 18/12/2000