Autores: Jonas Soares de Souza e Miyoko
Makino (organizadores)
Editora: Edusp
Ano: s.d.
N�mero de p�ginas: 461
Di�rio da navega��o � publicado na �ntegra
Nova
edi��o traz manuscritos e borr�es de Juzarte descrevendo mon��o no Tiet�
Karla Dunder
Em 1765 desembarcou no Brasil o pra�a portugu�s Teot�nio Jos� Juzarte, com
a fun��o de ajudante do Regimento de Drag�es Auxiliares da capitania de S�o
Paulo. Apoiado pelo capit�o-general, em 1768 Juzarte recebeu a incumb�ncia de
acompanhar a mon��o que partiria de Araritagua, atual cidade de Porto Feliz.
Nomeado comandante da expedi��o que percorreria os Rios Tiet�, Paran� e
Iguatemi, recebeu o aval para agir como quisesse, mas, claro, sempre consultando
o Condado de Mateus.
O livro que est� sendo lan�ado pela Edusp, Di�rio da Navega��o, com
a organiza��o dos professores Jonas Soares de Souza e Miyoko Makino, traz a
narrativa de Juzarte que descreveu detalhadamente a expedi��o - dos
preparativos at� a chegada a Iguatemi. "A import�ncia dessa edi��o
est� no fato de, pouco mais de dois s�culos depois da mon��o, os manuscritos
e as pranchas com os desenhos dos rios voltarem a ser publicados juntos; as
outras edi��es continham apenas os textos", explica Miyoko.
De
acordo com a pesquisadora, foram feitas tr�s c�pias dos manuscritos de
Juzarte, uma delas ficou em Lisboa, outra estava na biblioteca particular de
Eduardo Prado e a terceira se perdeu. O Museu Paulista, ou do Ipiranga, como �
mais conhecido por aqui, recebeu a c�pia na d�cada de 20, sob a
administra��o de Afonso de Escragnolle Taunay.
"A
id�ia de publicar o Di�rio completo surgiu em maio de 1999, durante uma
conversa com o professor Jos� Sebasti�o Witter, diretor do museu naquele
per�odo. Escolhemos a narrativa de Juzarte como nosso tema para as
comemora��es dos 500 anos de Brasil", explica. Para os organizadores,
estudar as mon��es e, de certa maneira, percorrer com elas o curso dos rios,
� uma forma de descobrimento. "Um rio, como o Tiet�, por exemplo, foi
descoberto, desbravado e mapeado. Juzarte foi respons�vel pelos primeiros
registros."
Com
o tema escolhido, os pesquisadores passaram a uma outra etapa: agrupar e
fotografar o material. O fot�grafo do museu, Jos� Rosael, ao lado de Souza,
cuidaram da parte t�cnica, que incluiu viagens a Lisboa e � Biblioteca
Nacional do Rio de Janeiro. O projeto que deveria ficar pronto em seis meses foi
conclu�do um ano depois. A verba destinada a p�r a id�ia em pr�tica veio dos
fundos para pesquisa do pr�prio museu. A Edusp e Imprensa Oficial se
responsabilizaram pela publica��o.
O
Di�rio da Navega��o �, de acordo com Miyoko, um projeto que produz e auxilia
as pesquisas. Nos manuscritos, Juzarte descreve com clareza os preparativos, a
"ca�a" por volunt�rios, assim como s�o detalhados os formatos dos
barcos, ou como ele costumava dizer, das canoas, al�m de tudo que era colocado
dentro delas, como alimentos e animais. Nada escapou a sua observa��o. At� a
b�n��o do padre e do p�roco locais antes da partida em 13 de abril de 1769
est� documentada. Foram dois anos e dois meses narrados, dia-a-dia at�
Iguatemi. Um retrato da regi�o a partir da vis�o de um homem da �poca, o que
permite ao pesquisador rever o que aquelas pessoas estavam pensando, o
imagin�rio daquele tempo, e conhecer melhor cada passo do territ�rio e
meandros da expedi��o.
Em
seq��ncia aos textos, as imagens do livro e seu estado atual, as c�pias das
p�ginas manuscritas originais, "o plano em borr�o de todos os rios e
todas as cachoeiras, e todas as coisas mais not�veis que vi" e por fim as
imagens do Rio Tiet� pertencentes ao acervo do museu. Nos borr�es, desenhos
feitos por um oficial pouco letrado, n�o um artista, com detalhes e legendas
transcritas pelos organizadores desta edi��o.
As
imagens presentes na �ltima parte do livro mostram a import�ncia que Taunay
deu ao Tiet�, �s bandeiras e �s mon��es, principalmente quando mandou
transformar desenhos referentes aos temas e � Vila de S�o Paulo em telas a
�leo. Taunay preocupou-se em aumentar o acervo com registros de imagens
referentes ao rio em v�rios s�culos. Telas feitas a partir de hist�rias e
lendas de monstros e fantasmas, assim como os bras�es de cidades que utilizavam
o Tiet� como refer�ncia, est�o presentes no livro e no museu.
"Pretendemos
expor o material iconogr�fico que foi levantado neste livro", afirma
Miyoko. A inten��o � fazer uma exposi��o itinerante, partindo de S�o Paulo
e percorrendo cidades do interior como Itu - uma extens�o do Museu Paulista. A
mostra deve seguir para as regi�es que demonstrarem interesse e talvez seguir o
curso do rio. Fica a sugest�o.