Livro sobre o Holocausto acusa judeus de
explorarem o assunto e relan�a o debate
Heliete Vaitsman
O cientista pol�tico Norman Finkelstein analisa sob um novo e pol�mico �ngulo
a hist�ria do genoc�dio dos judeus na Segunda Grande Guerra. Em A
ind�stria do Holocausto, ele questiona os motivos para o interesse da m�dia e de institui��es
governamentais pela quest�o judaica. E o questionamento n�o vem de um
anti-semita, ou de algum palestino rancoroso. Finkelstein � judeu, com pais
sobreviventes de Auschwitz, o mais famoso campo de exterm�nio nazista.
"Quando eu era pequeno", explica o autor, "o Holocausto n�o era
tema de conversa entre os adultos. Somente ap�s a Guerra dos Seis Dias -
marcada pela vit�ria r�pida de Israel, que ocupou o Sinai, Jerusal�m, a
Cisjord�nia e as colinas de Golan -, quando os Estados Unidos perceberam ser
Israel o parceiro perfeito no Oriente M�dio, � que o assunto passou a ser
obrigat�rio."
O autor n�o teme a controv�rsia que seu livro possa suscitar. "N�o sou
contra os judeus, mas sim contra a chantagem feita em nome de milh�es de
pessoas e seu mart�rio". Para Finkelstein, as atrocidades nazistas foram
transformadas num mito que serve aos interesses da elite judaica. O Holocausto
� uma ind�stria que exibe como v�timas o grupo �tnico mais bem-sucedido dos
Estados Unidos apenas para conseguir mais verbas e, ao mesmo tempo, articular
uma campanha de auto-promo��o atrav�s da vitimiza��o. A reboque, essa ind�stria
apresenta como indefeso um pa�s como Israel, uma das mais formid�veis pot�ncias
militares do mundo.
Outro ponto abordado por Finkelstein em A
ind�stria do Holocausto � o
pagamento de indeniza��es aos sobreviventes do genoc�dio. Para o autor, esse
dinheiro n�o chega a seu destino. Pior: o n�mero de sobreviventes dos campos
de concentra��o � exagerado para chantagear bancos su��os, ind�strias alem�s
e pa�ses da antiga Cortina de Ferro em busca de mais verbas. O efeito colateral
� cumulativo e perigoso: a luta feroz por indeniza��es tem feito o
anti-semitismo voltar a aflorar na Europa. Finkelstein vai mais longe. Considera
israelenses e judeus americanos como as grandes for�as de opress�o da
atualidade, perseguindo palestinos e negros americanos.
Afirma��es como estas deflagraram uma grande pol�mica nos �ltimos meses de
2000 na Europa e nos Estados Unidos, provocando rea��es indignadas de
historiadores e lideran�as judaicas. Alheio ao tumulto, Finkelstein repudia a
vitimiza��o dos judeus e v� a Ind�stria do Holocausto como algo t�o
vergonhoso quanto o pr�prio Holocausto.
Norman G. Finkelstein nasceu no Brooklin, NovaYork, em 1953. Autor da tese de
doutorado The Theory of Zionism, defendida no Departamento de Pol�tica da
Universidade de Princeton, atualmente � professor da Universidade de Nova York,
onde leciona Teoria Pol�tica. Colaborador do London Review Books, entre suas
obras est�o: Image and Reality of the Israel-Palestine Conflict, The Rise and
Fall of Palestine e A Nation on Trial: The Goldhagen Thesis and Historical
Truth, indicado como livro do ano pelo New York Times Book Review.