No livro "Origem do Capitalismo", Ellen Wood
defende que o sistema n�o � inevit�vel
Milton Gamez
O
colapso dos pa�ses comunistas no final do s�culo XX empobreceu n�o apenas os
�rf�os dos regimes do Leste Europeu, mas o pr�prio debate econ�mico. Dado
como morto diante da nova hegemonia do capitalismo no mundo p�s-muro de Berlim,
o socialismo nem � lembrado pelos jovens que hoje protestam contra a globaliza��o.
Os rebeldes criticam mais a forma do que o conte�do e n�o oferecem
alternativas econ�micas ao liberalismo sem fronteiras, como tentavam os
seguidores de Karl Marx na guerra fria. O capital venceu "O Capital".
Ser�?
Nada mais falso, defende a canadense Ellen Meiksins Wood, uma das mais
importantes intelectuais socialistas da atualidade. � verdade que falta consist�ncia
nas cr�ticas das ruas, mas o fim da polariza��o no debate n�o significa que
o capitalismo prevaleceu, diz ela. Falharam as tentativas, n�o o modelo democr�tico
de justi�a social. "O socialismo nunca existiu de fato. Continua sendo uma
alternativa", afirma Ellen.
Em
sua �tica, a globaliza��o e o livre-com�rcio s�o apenas a nova forma que os
pa�ses desenvolvidos encontraram para dominar os mais fracos, sem ter de
mobilizar ex�rcitos para atingir os objetivos auto-expansionistas do capital.
Por isso, o Mercosul que se cuide nas negocia��es com a Alca. "N�o
existe acordo de livre-com�rcio com os EUA que n�o seja dominado por
eles".
Para
recolocar o socialismo no centro do debate hist�rico, Ellen dissecou o modelo
antagonista. Seu livro "A
Origem do Capitalismo", que acaba de sair no Brasil, contesta a vers�o
comum de que o sistema era inevit�vel. N�o s� n�o foi como teve come�o,
meio e poder� ter um fim, prev�. Antes, por�m, precisar� ser entendido, diz.
Aos 59 anos, a ex-editora da revista "Monthly Review" abandonou as
aulas em Toronto, e migrou para a Inglaterra. Trabalha agora na revis�o e
amplia��o da nova edi��o da "Origem do Capitalismo", a ser
publicada em 2001.