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Livro: A vida sexual de
Immanuel Kant
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Autor: Jean-Baptiste
Botul
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Editora: Unesp |
Ano: 2001 |
N�mero de p�ginas:72 |
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Desraz�o pura
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Um livro sobre a vida sexual do fil�sofo
Immanuel Kant. Ela era t�o movimentada quanto um filme iraniano.
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Fl�vio Moura
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O fil�sofo alem�o Immanuel Kant foi um dos pensadores mais importantes da
hist�ria ocidental � e uma das personalidades mais sem gra�a de que se tem
not�cia. N�o se sabe de uma �nica mulher com quem ele tenha vivido um
romance, de inimigos que tenha cultivado nem muito menos de qualquer esc�ndalo,
por mais �nfimo que seja, que tenha protagonizado. No geral, sua vida foi t�o
movimentada quanto um filme iraniano. Mesmo assim, A vida sexual de Immanuel Kant, livro escrito nos anos 40 pelo intelectual franc�s Jean-Baptiste
Botul, e que acaba de sair no Brasil, � uma leitura no m�nimo curiosa. Para
come�ar, pelos detalhes impag�veis que Botul fornece sobre o fil�sofo, um
sujeito met�dico de dar nos nervos, que jamais saiu de sua terra natal, a
pequena cidade alem� de K�nigsberg (que hoje se chama Kaliningrado e pertence
� R�ssia). O lance mais ousado de Botul, no entanto, � afirmar que a
atividade sexual (ou falta dela) de Kant � fundamental para compreender obras
praticamente impenetr�veis, como Cr�tica da Raz�o Pura � um monumento da
filosofia que estabelece os limites do que pode ser conhecido pelo homem.
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Como h� limites tamb�m para o jornalismo, ningu�m vai tentar explicar aqui o
conte�do dessa obra, uma das mais �ridas j� escritas. Filosofices � parte, o
que importa � que, na opini�o de Botul, Cr�tica da Raz�o Pura � uma express�o
dos instintos voyeur�sticos de Kant � instintos, ali�s, que ele jamais
colocou em pr�tica, j� que tudo indica que tenha morrido virgem. O fil�sofo
achava o sexo um desperd�cio de energia vital. Para ele, o s�men, a saliva e o
suor eram fluidos que, preservados, ativavam o metabolismo e tinham potencial
rejuvenescedor. Expelidos, trariam fraqueza e envelhecimento precoce. Por isso,
Kant caminhava bem devagar � para n�o transpirar � e condenava
veementemente a masturba��o. De mulheres, ent�o, fugia como o diabo da cruz.
Sabe-se de uma senhora casada que enviou cartas ao fil�sofo, com convites
inocentes para passeios em jardins. O destinat�rio, por�m, ignorou
olimpicamente as missivas.
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preciso dizer, no entanto, que Kant foi um sujeito casto n�o apenas por op��o,
mas simplesmente porque conviver com ele seria um esfor�o sobre-humano. mos
alguns de seus h�bitos. Todas as noites, pontualmente �s 10 horas, ele ia para
o quarto � cujas janelas ficavam fechadas o ano inteiro � e se enfiava na
cama de barriga para cima. Puxava a ponta do cobertor por sobre o ombro direito,
passava-a por tr�s das costas at� o outro ombro e da� trazia-a at� a altura
do umbigo. Devidamente empacotado, embarcava no sono. Caso alguma necessidade o
despertasse no meio da noite, uma corda presa entre a cama e o vaso sanit�rio
lhe servia de guia para n�o trope�ar no escuro. Outro charme de Kant: em sua
�poca, o fim do s�culo XVIII, os homens de posses costumavam usar cal��es e
meias que iam at� os joelhos. Como ligas apertadas bloqueariam a circula��o
sangu�nea, Kant bolou um sistema que prendia as meias a molas, contidas em
pequenas caixas de rel�gio, uma amarrada em cada coxa. As molas serviam para
que as meias acompanhassem seus movimentos. Era engenhoso, mas � fa�amos uma
cr�tica da raz�o pura � um despaut�rio est�tico. N�o � de espantar que
Kant n�o atra�sse as mulheres. Para ele, o �xtase supremo tinha de se dar
mesmo � escrivaninha.
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07/05/2001 |
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