O
premiad�ssimo escritor Manuel V�zquez Montalb�n nos apresenta a instigante
hist�ria da fam�lia B�rgia, sem esquecer os detalhes mais s�rdidos que a
Hist�ria n�o conta. E s�o estes detalhes que certamente todos desejar�o
conhecer, e que despertar�o curiosidade.
O
livro conta a hist�ria da fam�lia B�rgia, no per�odo que vai da indica��o
do patriarca Rodrigo a chefe da Igreja, com o nome de Alexandre VI, at� a morte
de seu filho mais not�vel, o c�lebre C�sar B�rgia. Este foi um dos momentos
mais conturbados da hist�ria da It�lia; cheio de acontecimentos tr�gicos e
violentos, como as guerras entre os condottieri, conspira��es, trai��es e
assassinatos pol�ticos, mas rico em arte, ci�ncia e filosofia. Nesta �poca
viveu Maquiavel, e viveram homens extraordin�rios como Leonardo da Vinci,
Miguelangelo, Boticelli, e os M�dici.
Alexandre
VI era forte, ativo, impiedoso, e totalmente amoral, vivendo uma vida de
esc�ndalo mesmo para os padr�es da It�lia daquele tempo; o cardeal Rodrigo
tinha sete filhos reconhecidos, com diferentes mulheres - Lucrecia B�rgia era
uma de suas filhas.
Tornado
Papa, seu objetivo principal era estabelecer o dom�nio do seu cl� na regi�o
central da It�lia, quebrando o poder de outras grandes fam�lias romanas, como
os Orsini e os Colonna. Tomou a Romagna pela a��o de seu filho C�sar,
ex-cardeal e o her�i do livro de Maquiavel, O Pr�ncipe. Em 1501, aliado
aos franceses, participou de um ataque a N�poles; mais tarde foi ajudado por
eles a derrotar uma insurrei��o de seus pr�prios capit�es. Ele queria que
C�sar o sucedesse, como Papa e como comandante militar da It�lia; mas a sua
morte e a hostilidade de um novo pont�fice frustraram seus projetos para seu
filho mais impetuoso. C�sar foi obrigado a entregar muitas de suas conquistas,
e a pedir ajuda aos espanh�is. Em 1506, ele foi preso em N�poles e enviado �
Espanha, aonde, num combate suicida, veio a morrer. Manuel V�zquez conta esta
hist�ria criando um grande n�mero de pequenas cenas, cheias de a��o.
Leonardo da Vinci conversa com outros personagens, Maquiavel joga cartas com um
barbeiro, o cardeal.
Rodrigo
suborna seus colegas para ser indicado Papa; ou, numa das mais interessantes
reconstitui��es do livro, C�sar B�rgia, "vestido de preto, com o brilho
dos metais da armadura", ataca sozinho um grupo de soldados: "Quem �
esse louco? Ele n�o d� tempo de resposta. J� est� em cima deles, sua arma no
alto, com um grito: Aut Caesar aut nihil! (ou C�sar ou nada: ou ser o L�der,
ou nada). Uma espada contra sete, e mais treze lan�as firmadas entre os corpos
dos soldados, e logo uma delas o atinge de lado a lado"..."e ainda lhe
sobra um pouco de vida para esperar a morte olhando para os c�us".
Ou
C�sar ou nada n�o � um romance hist�rico convencional. O autor utiliza
um ritmo narrativo e uma linguagem que d�o aos acontecimentos a viv�ncia de
uma hist�ria contempor�nea, de terror, paix�o, ambi��o, coragem, covardia,
vanguardismo e conservadorismo. Ele nos faz perceber que a hist�ria se repete e
que assuntos que hoje ainda geram pol�mica, j� aconteciam h� muito tempo
atr�s, �s escondidas.