Por
que existem restaurantes? Por que as pessoas passaram a considerar a refei��o
como um passatempo agrad�vel e n�o mera necessidade? Desde quando
alimenta��o se transformou em lazer? Para achar as respostas a essas
perguntas, Rebecca Spang - vencedora do pr�mio Thomas J. Wilson, concedido pela
Harvard University Press, e do pr�mio Louis Gottschalk, conferido pela
Sociedade Americana de Estudos do S�culo XVIII - leva o leitor at� a Fran�a
do s�culo XVIII. A inven��o do restaurante analisa uma peculiaridade
do card�pio da culin�ria francesa pr�-revolucion�ria. A essa altura,
restaurante era um consom� quase medicinal. Seu principal objetivo era
restabelecer, restaurar, a for�a dos doentes.
Durante
as d�cadas de 1760 e 1770, os mais sens�veis ou doentes tornavam p�blica sua
condi��o indo a novos estabelecimentos, chamados restauraters rooms.
Ali permaneciam, calmamente, aproveitando o caldo restaurador servido. Em 1790,
no entanto, o restaurante passou a ser visto como decadente e corrupto. As mesas
da Revolu��o eram locais para uma hospitalidade politicamente correta e um
apetite frugal era tido como contra-revolucion�rio. Os restaurantes, antes
vistos como provedores de comida saud�vel, passaram a posar como um s�mbolo da
gan�ncia da aristocracia.
A
inven��o do restaurante acompanha a trajet�ria dessa id�ia e mostra como
o restaurante se transformou de algo PARA se comer em algo ONDE se comer. Um
local de reuni�o e troca de informa��es, muito diferente das tabernas onde
n�o havia card�pio e as refei��es eram simples. Pratos para saciar o corpo,
mas n�o o esp�rito. O livro de Spang mostra a transi��o entre essas
institui��es a partir da queda da Bastilha. A autora trata da Revolu��o
Francesa, na mesa e fora dela. Sua influ�ncia na pol�tica, na cultura e,
principalmente, nos costumes.
O
livro mostra como os franceses, em especial os parisienses, inventaram a cultura
moderna da comida. Metamorfoseando sua vida social e, a reboque, a do resto do
mundo. Segundo Spang, a partir do s�culo XIX, o restaurante se transformou numa
arena segura para a transi��o da monarquia para a democracia. O aparecimento
de um g�nero liter�rio at� ent�o desconhecido, a literatura gastron�mica,
conferiu status a pratos como ostras e champanhe e atraiu a aten��o de
turistas. Americanos e ingleses iam � capital francesa para descobrir os
segredos de sua sofistica��o em seus restaurantes.
A
inven��o do restaurante estabelece o restaurante como uma interse��o
entre os espa�os p�blico e privado na cultura francesa. O primeiro local
p�blico onde as pessoas v�o para se isolarem.
Rebecca
L. Spang � conferencista de Hist�ria Europ�ia Moderna na Universidade College
London. � autora deGothic Gastronomics: An Annotated Translation of
Grimod de La Reyni�re�s �Almanach des gourmands�.