Ao nos propormos realizar pesquisa acerca da sociedade contempor�nea, nos deparamos com uma s�rie de autores de renome os quais discutem, em diferentes �ngulos e concep��es te�rico-metodol�gicas, o papel ocupado pelos meios tecnol�gicos na sociedade atual, assim como suas mais variadas rela��es com os sujeitos sociais. Este ensaio discute a quest�o da t�cnica � tecnologia: mec�nica, digital, virtual, etc.-, tendo como par�metros de an�lise as teorias dos autores cujas reflex�es deixaram profundas contribui��es para o estudo cr�tico e a conscientiza��o da utiliza��o desses meios tecnol�gicos.
Analisando a t�cnica na sociedade moderna e suas influ�ncias na vida dos indiv�duos, Adorno(1), por exemplo, recupera a influ�ncia que a Ind�stria Cultural exerce sobre as escolhas e comportamentos das pessoas. Segundo Adorno, esse sistema, com base na produ��o �cultural� confere a tudo um ar de semelhan�a, utilizando-se de toda uma gama de atores, roteiristas, publicit�rios, etc., uma rede de pessoas trabalhando em torno deste sistema. Adorno faz sua cr�tica aos consumidores dos produtos �culturais�, bem como aos pr�prios atores e atrizes, na medida em que todos, em sua opini�o, s�o simplesmente mercadorias que alimentam e mant�m a Ind�stria Cultural. E n�o se trata de aquisi��o singular, mas de uma massa enorme de consumidores. De acordo com Adorno, a Ind�stria Cultural exerce um papel neutralizador sobre os indiv�duos. Tal como o modo de produ��o capitalista regula as produ��es de trabalho, a Ind�stria Cultural, atrav�s de seus bens culturais, entra no tempo do �cio do trabalhador, ocupando-lhe seu tempo de lazer e impedindo-lhe de pensar sobre sua pr�pria condi��o social. Assim, a arte, no sentido revolucion�rio do termo, acaba se constituindo em todo um sistema capaz de manipular tanto os (as) atores/atrizes como tamb�m os consumidores.
Buscando exemplificar suas afirma��es, Adorno utiliza-se do teatro e do cinema, demonstrando a diferen�a que ambos desempenham na produ��o cultural da sociedade moderna. Para Adorno, o cinema �, por excel�ncia, alienante, pois tende a tornar mais veross�mil poss�vel seu conte�do, no sentido de minimizar a dist�ncia entre vida real e cinema. No cinema, busca-se a semelhan�a entre vida real e fantasia, identifica��o do filme com a realidade. H� uma atrofia da subjetividade, n�o h� o exerc�cio da imagina��o, pois j� vem tudo explicadinho, a t�cnica � comprometida com o exerc�cio da verossimilhan�a e os sentidos s�o desmobilizados. J� no teatro, v�-se todo o desmontar do palco, de uma entrada a outra, n�o h� a inten��o de verossimilhan�a, percebe-se a proje��o da voz, al�m de instigar a imagina��o.
Nesta l�gica da sociedade onde est� presente a Ind�stria Cultural, conforme Adorno, o sujeito � complemente estandardizado, homogeneizado, onde se cria a no��o de �universalidade�. Assim, uma sociedade que vive o jogo da Ind�stria Cultural, possui indiv�duos com uma �pseudo-individualidade�, ou seja, Adorno explica que esta ind�stria forja uma falsa identidade do particular com o universal, dando a falsa impress�o de que as pessoas identificam-se com os produtos culturais. Na �tica de Adorno, a propaganda, um dos mais poderosos e eficazes instrumentos da Ind�stria Cultural, utiliza-se da m�dia, mais precisamente da imagem em detrimento do conte�do em si do produto, ou seja, n�o h� uma descri��o do produto como um todo. E quanto mais a linguagem tornar-se fragmentada, mais ela ter� o tom de magia, de convencimento.
Notas
(1) Theodor Wiesegrund Adorno, fil�sofo, soci�logo e music�logo alem�o (Frankfut 1903 - Vi�ge, Su��a, 1969) Music�logo aluno de A. Berg, agregou-se � Escola de Frankfurt ap�s a I Guerra Mundial. Marxista por forma��o, tentou reinterpretar a psican�lise na perspectiva da teoria cr�tica. Atribui � cria��o art�stica uma fun��o de protesto social. Entre suas obras mais importantes encontram-se: A personalidade autorit�ria e a Dial�tica negativa. In: http://www.geocities.com/philosophiaonline/1024x768/pensadores/adorno.htm.