A historiografia brasileira j� produziu v�rias obras sobre a escravid�o, cada qual constru�da de acordo com a tend�ncia e a metodologia adotadas por seus autores. Em 1933, Gilberto Freyre lan�ava �Casa-Grande e Senzala�, obra que caracterizava a escravid�o como um sistema paternalista na rela��o entre senhores e escravos, evidenciada na grande miscigena��o ocorrida no pa�s. Esta obra de Freyre � de fundamental import�ncia para o estudo historiogr�fico sobre a escravid�o porque, al�m de ter sido inovadora na �poca, posteriormente veio representar um dos pontos centrais no debate entre os historiadores que negam e os que compactuam com as concep��es freyrianas.
Tendo em vista o estudo historiogr�fico, este trabalho monogr�fico analisa historicamente o desenvolvimento dos estudos relativos � escravid�o no Brasil, fazendo refer�ncias a pontos de vista que se divergem ou que se compactuam, se rompem ou se completam, se negam, mas, por fim, enriquecem o entendimento hist�rico. Sendo assim, � mister o entendimento dos instrumentos metodol�gicos para a compreens�o das obras que tamb�m s�o constru�das historicamente em espa�o e per�odo determinados.
A nossa an�lise ent�o, mostra a dial�tica existente entre as constru��es historiogr�ficas que, ao nosso ver, contribui para o entendimento hist�rico com a multiplica��o de enfoques presentes nas diversificadas vertentes, que s�o apoiadas nas mais variadas fontes. A rela��o entre micro e macro-hist�ria est� no germe da discuss�o entre o Marxismo e a Nova Hist�ria. Estamos t�o habituados a ver a hist�ria como um produto de categorias que �s vezes nos esquecemos que express�es como Capitalismo, Socialismo, Evangeliza��o, Escravatura e outras abstra��es s�o formadas por homens e mulheres que tamb�m possuem as suas individualidades, embora estejam integradas ao contexto.
No primeiro cap�tulo apresentaremos um hist�rico dos estudos sobre a escravid�o no Brasil, abordando desde as pesquisas de Gilberto Freyre at� os estudos de historiadores mais recentes, os quais ser�o o foco central de nossa an�lise. Para tanto, utilizamos an�lises historiogr�ficas de autores como Suely Robles Reis Queir�z e Ciro Flamarion Cardoso para levantar dados gerais sobre o estudo de tal tema.
J� no segundo, cap�tulo abordamos a influ�ncia do Marxismo na constru��o do conhecimento hist�rico, primeiramente, por meio da Escola Paulista que teve a participa��o de pesquisadores como Florestan Fernandes e Em�lia Viotti da Costa. Em um segundo momento, temos a influ�ncia marxista de forma mais marcante na abordagem de Jacob Gorender a respeito do Modo de Produ��o Escravista.
No terceiro e �ltimo cap�tulo, analisamos a penetra��o da Nova Hist�ria na historiografia brasileira com a multiplica��o de fontes e objetos hist�ricos para os estudos sobre a escravid�o no Brasil. Esses novos enfoques s�o observados por esta monografia, principalmente, nas obras de K�tia Mattoso e Jo�o Jos� Reis. Al�m desses pesquisadores, verificamos tamb�m a tese do professor Luiz Felipe de Alencastro sobre a influ�ncia da rela��o Brasil-�frica para forma��o social e econ�mica do Brasil.