A import�ncia intelectual de Gilberto Freyre para as ci�ncias sociais foi reconhecida mundialmente pela cr�tica especializada. Obras como Casa-Grande & Senzala e Sobrados e Mucambos foram traduzidas para treze idiomas e constam nas listagens de livros fundamentais para compreender a sociedade brasileira.
Por outro lado, a rejei��o a sua obra, em especial no Brasil a partir de 1964, nos campos do conhecimento dominados pelas interpreta��es materialistas de um marxismo mecanicista, tamb�m � not�vel. Esses cr�ticos mapearam basicamente dois problemas: o primeiro, de ordem epistemol�gica, que o acusava de produzir literatura e n�o ci�ncia, em fun��o da linguagem inovadora, mas tamb�m pela estranheza preconceituosa em rela��o ao tema de uma hist�ria dos costumes e h�bitos sociais; o segundo, de ordem ideol�gica, que estigmatizou Freyre como conservador, associando seu nome ao golpe militar brasileiro e ao salazarismo portugu�s.
Para al�m dessas quest�es, imp�e-se uma leitura diferenciada desse intelectual t�o pol�mico, considerando sua obra como uma contribui��o fundamental para o rompimento de perspetivas produzidas por int�rpretes da cultura brasileira, tanto no terreno da sociologia como da hist�ria.