No dia 13 de maio de 1888, uma senhora de 41 anos assinava um dos documentos mais importantes da hist�ria do Brasil - a Lei �urea, que dava liberdade a todos os escravos. Por detr�s de sua assinatura havia o clamor de diversas pessoas, que lutaram junto com ela para que tal lei fosse implantada. Atrav�s deste ato, seu nome ficaria definitivamente na hist�ria. Mas quem era essa mulher que governou o Brasil por tr�s vezes numa �poca em que os homens dominavam a pol�tica?
Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragan�a e Bourbon nasceu no Pal�cio de S�o Crist�v�o, no Rio de Janeiro, em 29 de julho de 1846. Filha do imperador Pedro II e de Teresa Cristina, terceira imperatriz do Brasil, se tornou herdeira do trono ap�s o precoce falecimento de seus irm�os Afonso e Pedro. Na condi��o de princesa imperial, t�tulo que cabia aos herdeiros do trono de acordo com a Constitui��o do Imp�rio, a princesa Isabel cresceu em um lar muito saud�vel, onde imperava o respeito m�tuo entre os pais. �Cara Teresa espero que tenhas passado bem, assim como as pequenas que, gra�as a Deus, sei que gozam de sa�de, e a quem dar�s dois beijinhos de minha parte. Adeus e um abra�o bem apertado de seu afei�oado esposo. Pedro� (ALENCASTRO, 1997, p.182).
Junto com sua irm� Leopoldina Teresa Francisca Carolina Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga, a jovem princesa recebeu educa��o condizente com sua condi��o de herdeira do Imp�rio. Para se ter uma id�ia de sua exaustiva maratona educacional, basta observarmos seu programa de f�rias em Petr�polis, descrito por seu pai:
| Assisto �s li��es de Sapuca�, de ingl�s e de alem�o, dadas �s minhas filhas. Nas segundas-feiras lerei a elas Barros, das 7h30 �s 8 da noite; ter�as, Lus�adas, das 10h 30 �s 11 da manh�; das 3 �s 4, dar-lhes-ei li��es de matem�tica, e latim das 7h30 �s 8 da noite. Domingos e dias santos, leitura de Lucena durante uma hora, e meia hora de leitura do Jardim das Ra�zes Gregas, � noite (SCWARCZ, 1998, p. 153). |
Mais tarde, em sua primeira visita � Europa, j� casada, Isabel Cristina escrevia ao pai para agradecer a educa��o recebida. �Oh! Quanto lhe agradeci no meu interior de me ter ensinado e de me ter dado mestres de modo que agora compreendo a maior parte das coisas que vejo, ainda que ignore muito� (GRANDES, 1973, p. 622). Entre seus mestres estavam a condessa do Barral, por quem manteria afinidade e admira��o por toda a vida.
As divers�es das princesas ficavam por conta de jogos de sal�o e representa��es teatrais no pr�prio pal�cio. Eram as �festas das meninas�, de que estavam exclu�dos pol�ticos e meninos. As princesas viam transcorrer sua juventude, entre aulas de latim, alem�o, bot�nica, mitologia, hist�ria sagrada, matem�tica, al�m de leitura dos evangelhos aos s�bados.
Ao longo dos anos, Isabel passava por todas as etapas e solenidades comuns aos herdeiros presuntivos do trono. Para se criar o consenso de que poderia assumir com naturalidade sua fun��o, repetiam-se os cerimoniais e atos p�blicos pelos quais seu pai e outros haviam passado. Aos 14 anos de idade prestou juramento � Constitui��o Pol�tica do Imp�rio, como herdeira presuntiva do trono diante das C�maras.
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